Zoografia ficcional em Água viva, de Clarice Lispector
DOI:
https://doi.org/10.35699/1982-3053.2022.41637Palabras clave:
Clarice Lispector, Bestiário, Água vivaResumen
O objetivo deste artigo é discutir em Água viva (1973), de Clarice Lispector, o exercício literário como chamado pensante de uma “sacranimalidade” ou potencial primitivo, especialmente o animálico, fundante no próprio texto e inventariado nessa ficção a partir do estranho familiar em busca da “coisa”, do “X”; categorias que a narradora deixa em devir para especular a alteridade do ser. Para tanto, toma-se como referências pressupostos sobre o bestiário advindos de transcontextualizações do imaginário da tradição judaica, além de subsídios filosófico-literários e reflexões filosóficas sobre o inumano e a literatura pensante clariciana. A hipótese desse estudo é que Lispector elabora em Água viva uma literatura pensante e de autoconhecimento, especialmente via uma zoografia ficcional, procurando a origem ou um tipo de divindade primitiva da letra que diz sobre os viventes e, ao mesmo tempo, problematiza, nesse percurso, os limites entre o humano e o não humano. Dessa forma, a narradora de Água viva toma conta do mundo, fazendo, além do relatório dos bichos, o da “coisa” em busca de si mesma pelo Outro ou Outra em sua radical diferença.
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