Anne Frank e Michel Laub: os diários e a violência cotidiana

Auteurs

  • Filipe Amaral Rocha de Menezes Universidade Federal de Minas Gerais

DOI :

https://doi.org/10.17851/1982-3053.13.24.55-73

Mots-clés :

Shoah, Diários, Autoficção

Résumé

O diário de Anne Frank (em holandês Het Achterhuis, de 1947) é um dos relatos mais instigantes produzidos no contexto da Shoah. Elaborado a partir dos manuscritos de uma adolescente judia alemã na Holanda, durante uma perseguição nazista, o livro é uma grande referência para a literatura mundial, especialmente para a Literatura do Testemunho. Diário da queda (2011), romance do escritor brasileiro Michel Laub, gira em torno de três gerações de uma família judia: o avô do narrador, impulsionado pela experiência de ter sido preso em Auschwitz; o pai do narrador, que carrega as lembranças amargas do suicídio do pai quando tinha apenas quatorze anos; e o filho, o narrador, que carrega consigo a culpa de ter causado acidentalmente um acidente que feriu um colega de classe e suas consequências, quando ele era adolescente. O diário como um gênero, aqui em debate, emerge de um texto monólogo cujo autor seria seu único leitor, em meio as suas características comunicativas e literárias do íntimo, da individualidade, elementos estes não mais considerados. Desse gênero, no entanto, emerge a noção de autoficção, ou mesmo a escrita de si, um gênero ambivalente em que o autor questiona a realidade e a si mesmo. A partir da comparação desses dois diários, um testemunhal e outro ficcional, em suas abordagens, aproximações e distâncias, pretende-se analisar a violência cotidiana neles impregnada.

Téléchargements

Les données relatives au téléchargement ne sont pas encore disponibles.

Biographie de l'auteur

Filipe Amaral Rocha de Menezes, Universidade Federal de Minas Gerais

Doutorando em Letras no Programa de Pós-Graduação em Letras: Estudos Literários da Universidade Federal de Minas Gerais.

Références

FELMAN, Shoshana. À l’âge du témoignage: Shoah de Claude Lanzmann. In: DEGUY, Michel (Org.). Au sujet de Shoah: le filme de Claude Lanzmann. Paris: Belin, 2011.

GAGNEBIN, Jeanne-Marie. Lembrar escrever esquecer. São Paulo: Editora 34, 2006.

HEILBRUN, Carolyn; WEIMER, Joan. Is biography fiction? Soundings: an interdisciplinary journal, v. 76, n. 2/3, Summer/Fall, 1993. Papers from The Drew Symposium.

HIRSCH, Marianne. The generation of postmemory: writing and visual culture after the Holocaust. New York: Columbia University Press, 2012.

HIRSCH, Marianne; KACANDES, Irene (Org.). Teaching the representation of the Holocaust. New York: Modern Language Association of America, 2004.

HUBIER, Sébastien. Littératures intimes: les expressions du moi, de l’autobiographie à l’autoficition. Paris: Armand Colin, 2003.

KLINGER, Diana. Escritas de si, escritas do outro: o retorno do autor e a virada etnográfica. Rio de Janeiro: 7Letras, 2007.

LEJEUNE, Philippe. Le pacte autobiographique. Paris : Seuil, 1975.

LEVI, Primo. É isto um homem? Trad. Luigi del Re. Rio de Janeiro: Rocco, 1988.

LEVI, Primo. Os afogados e os sobreviventes. Trad. Luis Sérgio Henriques. São Paulo: Paz e Terra, 2004.

PEDROSA, Célia et alli (Org.). Indicionário do contemporâneo. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2018.

SELIGMANN-SILVA, Márcio. A literatura do trauma. Literatura de testemunho. Dossiê. Revista Cult, São Paulo, jun. 1999.

Téléchargements

Publiée

2019-05-29

Comment citer

Menezes, F. A. R. de. (2019). Anne Frank e Michel Laub: os diários e a violência cotidiana. Arquivo Maaravi: Revista Digital De Estudos Judaicos Da UFMG, 13(24), 55–73. https://doi.org/10.17851/1982-3053.13.24.55-73