A colher
o objeto e a desumanização em Primo Levi
DOI :
https://doi.org/10.35699/1982-3053.2023.45638Mots-clés :
Primo Levi, Colher, Campos de concentraçãoRésumé
A colher é um dos mais comuns objetos do cotidiano. Elas podem ser feitas dos mais variados materiais como madeira, aço, ferro e ou outros metais mais nobres até mesmo de ossos, papel, plástico. Primo Levi em É isto um homem? afirma que uma de suas preocupações iniciais em Auschwitz foi como comeria a sopa distribuída pela manhã, pois não possuía uma colher. Esse objeto corriqueiro torna-se, naquele espaço de confinamento e morte, uma moeda de troca valiosa na movimentada rede de tráfico que acontecia nos campos de concentração. O seu uso, para além do essencial no consumo da sopa diária, era um fator de civilidade e, em última instância, de humanidade. O objetivo deste artigo é apresentar a colher como um objeto de especial desejo e de necessidade no texto de Primo Levi. Estarão em análise as diversas cenas nas quais esse objeto desempenha o papel principal, dadas as condições precárias tanto da alimentação, quanto dos próprios prisioneiros: roubos pelos demais internos, confiscos pelas autoridades, o contrabando dentro e fora dos campos. Pretende-se, assim, demonstrar como a colher é valorizada nos campos de concentração, pois apesar das dificuldades de obtê-las, o seu uso constitui um pequeno reencontro com a dignidade e com a civilidade perdidas e uma tentativa de retorno à condição humana roubada pelos nazistas.
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