Recursos idiomáticos no violão enquanto veículo para a composição

análise de compositores brasileiros seleccionados

Autores

DOI:

https://doi.org/10.35699/2317-6377.2021.33509

Palavras-chave:

Composição, Idiomatismo, Violão brasileiro, Guitarra clássica

Resumo

Este artigo tem como objectivo principal abordar o conceito de idiomatismo no contexto da composição para violão, através da análise de obras de compositores violonistas que recorreram aos aspectos da construção e prática do instrumento enquanto veículo primordial para a escrita de peças musicais. Estes compositores, nomeadamente Heitor Villa-Lobos, Dilermando Reis, Garoto e Guinga, partindo da exploração das possibilidades idiomáticas do instrumento, desenvolveram um conjunto técnicas de composição que iremos identificar. Os elementos idiomáticos considerados mais significativos serviram para explicar a utilização de estratégias de composição baseadas em particularidades do instrumento, e identificar não só elementos musicais tais como escalas, progressões harmónicas e ritmos, como também outros recursos relacionados com concepções poéticas, culturais, e comunicativas do discurso musical.

Biografia do Autor

  • Pedro Loch Gonçalves, Instituto Politécnico de Lisboa

    Guitarrista e compositor de Florianópolis, Brasil. Graduado em Educação Musical pela Universidade do Estado de Santa Catarina em 2012, Loch também estudou Jazz na Morehead State University (EUA). Concluiu o Mestrado em Música na Escola Superior de Música de Lisboa. Como compositor, Loch fundou grupos importantes como Kiabo Instrumental, tendo-se juntado depois às compositoras Tatiana Cobbett e Marcoliva, criando o grupo Sonora Parceria e gravando o álbum Música Súbita (2012). Loch actuou nos mais variados contextos, tendo gravado os discos Corte Costura (2013) e Sawabona Shikoba (2015), de Tatiana Cobbett e Marcoliva, para além dos álbuns de Iara Germer e Rodrigo Piva. Loch trabalhou também ao lado de nomes importantes da música brasileira como Alessandro “Bebê” Kramer, Gabriel Grossi, Ricardo Herz, Amoy Ribas e Carlinhos Antunes.

  • Ricardo Futre Pinheiro, Instituto Politécnico de Lisboa

    Formou-se em Música pelo Berklee College of Music, Boston; em Ciências da Psicologia pela Universidade de Lisboa; e doutorou-se em Musicologia (Etnomusicologia) pela Universidade Nova de Lisboa. Estudou com Mick Goodrick, George Garzone, Wayne Krantz e Salwa Castelo-Branco. Tocou / gravou com Peter Erskine, David Liebman, Chris Cheek, Tim Hagans, Andrew Rathbun, Perico Sambeat, Matt Renzi, Jon Irabagon, Theo Bleckmann, Mônica Salmaso. É professor na Escola Superior de Música de Lisboa e Coordenador do Mestrado em Música. Tocou e participou em conferências e encontros na Áustria, Grécia, Espanha, França, Holanda, Alemanha, EUA, Dinamarca, Itália, África do Sul, Croácia, entre outros países, e publicou artigos em revistas científicas como Acta Musicologica do International Musicological Society, o Jazz Research Journal ou a International Review for The Aesthetics and Sociology of Music.

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Publicado

2021-07-04

Edição

Seção

Artigos em Português/Espanhol

Como Citar

“Recursos idiomáticos No violão Enquanto veículo Para a composição: Análise De Compositores Brasileiros Seleccionados ”. 2021. Per Musi, nº 41 (julho): 1-23. https://doi.org/10.35699/2317-6377.2021.33509.