O Ator-cantor-dançarino negro Martinho Corrêa Vasques (1822-1890)
lundus, árias, vaudevilles e paródias no Império da escravidão
DOI:
https://doi.org/10.35699/2317-6377.2022.37599Palavras-chave:
Lundu, Ópera cômica, Teatro musicado, Performance, EscravidãoResumo
Baseado em pesquisa hemerográfica e bibliográfica, este artigo discorre sobre a trajetória artística do ator-cantor-dançarino cômico Martinho Corrêa Vasques (1822-1890), no período compreendido entre 1841 e 1875, desde a sua entrada na companhia dramática de João Caetano, com a qual se apresentou em espetáculos teatrais em benefício da alforria de escravizados e de irmandades católicas de negros e homens livres pobres na década de 1840, até o período mais longo da carreira do artista, quando atuou na capital imperial e nas províncias do Rio Grande, São Paulo, Pernambuco e Bahia. O artigo assinala as características fundamentais do estilo de atuação de Martinho Corrêa Vasques, destacando o importante papel de coautoria desempenhado pelo artista na performance cênico-musical de lundus, árias, vaudevilles e paródias, além de revelar implicações sociopolíticas e étnicas da atuação do artista negro nos palcos oitocentistas, durante o regime escravocrata.
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