Sob as Musas, sobre a técnica

uma investigação de possíveis interfaces entre pós-humanismo e música

Autores

DOI:

https://doi.org/10.35699/2317-6377.2022.39909

Palavras-chave:

pós-humanismo, altruísmo, convivialidade, telemática, música

Resumo

A atualidade de uma simbiose entre música e mídia, nosso objeto de estudo, se nos apresenta em estreita relação com o aspecto humano da reflexão grega antiga sobre arte. Com o objetivo de investigar o papel desta relação para o pensamento contemporâneo sobre possíveis “lugares” sociais da arte, relacionamos o termo μουσική τέχνη (mousikḗ tékhnē) à telemática, assim como descrita por Vilém Flusser, que significa a consideração da alteridade e do altruísmo na fruição estética. Assim, nossa metodologia coloca a música frente à corrente reflexão pós-humanista, que justamente discute a amplitude social, política e ecológica de um altruísmo coletivo, que contextualizamos aqui no aspecto simbólico da música e de sua fruição. Nossas conclusões incluem a discussão sobre formas de se recorrer a uma herança grega, os ecos do utilitarismo e a compreensão da arte como forma coletiva e altruísta de inter-relação humana.

Biografia do Autor

  • Marta Castello Branco, Universidade Federal de Juiz de Fora

    Professora no Departamento de Música do Instituto de Artes e Design da Universidade Federal de Juiz de Fora e no Programa de Pós-Graduação em Artes, Cultura e Linguagens da mesma instituição. Cursou o doutorado na Universität der Künste Berlin (UdK), na Alemanha, sobre a relação entre conceitos de 'técnica' de Vilém Flusser e a música contemporânea (2014).  Entre suas publicações, estão os livros: Reflexões sobre Música e Técnica (Editora UFBA, 2012), O Instrumento Musical como Aparato (Editora UFJF, 2015), a organização, tradução e apresentação do livro Na Música. Vilém Flusser (Editora Annablume, 2017). Em 2018 realizou pós-doutorado no Instituto Aryamarga, Índia. Temas atuais de pesquisa incluem as relações entre música, cultura e sociedade, estudos da relação entre técnica, materialidade e expressão musical, universalismo e essencialismo na música.

Referências

Adloff, Frank. 2018a. Politik der Gabe. Für ein anderes Zusammenleben. Hamburg: Edition Nautilus.

Adloff, Frank. 2018b. Practices of Conviviality and the Social and Political Theory of Convivialism. São Paulo: Mecila Working Paper Series No. 3.

Alvorado, Daisy Valle Machado Peccinini de. 1999. Figurações Brasil anos 60: neofigurações fantásticas e neo-surrealismo, novo realismo e nova objetividade. São Paulo: Edusp.

Appadurai, Arjun. 2018. The Risks of Dialogue. São Paulo: Mecila Working Paper Series, No. 5.

Babich, Babette. 2005. Mousike techne: The Philosophical Practice of Music in Plato, Nietzsche, and Heidegger. Articles and Chapters in Academic Book Collections. 23. Fordham Press. https://fordham.bepress.com/phil_babich/2

Baumgarten, Alexander Gottlieb. 2007. Ästhetik. Tradução de Dagmar Mirbach. Hamburg: Meiner Verlag.

Bhabha, Homi. 2004. The Location of Culture. London and New York: Routledge.

Beyus, Joseph. 1982. 7000 Eichen. Kassel: Documenta.

Buscacio, Cesar Maia; Buarque, Virgínia Albuquerque de Castro. 2019. "A Música de Claudio Santoro e o giro cultural, epistemológico e político de 1968". Revista Nava, 7 (1-2), 215-241.

Caillé, Alain. 2000. Gift and Association. Gifts and Interests (pp. 47-55). Leuven: Peeters.

Caillé, Alain. 2008. Anthropologie der Gabe, Frankfurt, New York: Campus.

Closets, François de. 1978. Informatique: rapport Nora. France: Ina France. https://www.ina.fr/video/CAA7800628501/informatique-rapport-nora-video.html

Convivialist Manifesto. 2014. Convivialist Manifesto. A declaration of interdependence. Global Dialogues 3. Duisburg: Käte Hamburger Kolleg, Centre for Global Cooperation Research.

Convivialist Manifesto. 2020. Second Manifeste Convivialiste. Pour un Monde Post-Néolibéral. France: Actes Sud.

Costa, Sérgio. 2019. The Neglected Nexus between Conviviality and Inequality. São Paulo: Mecila Working Paper Series No. 17.

Costa, Sérgio. 2014. "Social Sciences and North-South-Asymmetries: Towards a Global Sociology". In Sabine Broeck, Carsten Junker (Eds.). Postcoloniality-Decoloniality-Black Critique. Joints and Fissures, (pp. 231-244). Frankfurt: Campus Verlag.

Duarte, Paulo Sergio. 1998. Anos 60, transformações da arte no Brasil. Rio de Janeiro: Campos Gerais.

Ette, Otmar. 2010. ZusammenLebensWissen. List, Last und Lust literarischer Konvivenz im globalen Maßstab. Berlin: Kadmos.

Flusser, Vilém. 2008. Kommunikologie weiter Denken. Die Bochumer Vorlesungen. Frankfurt: Fischer Taschenbuch Verlag.

Flusser, Vilém. 2017. Na Música. São Paulo: Annablume.

Freud, Sigmund. 2016. Além do Princípio do Prazer. São Paulo: L&PM Editores.

Georgiades, Thrasybulos. 1958. Musik und Rhythmus bei den Griechen. Hamburg: Rowohlt.

Grunwald, Armin. 2009. Technology assessment: concepts and methods. Philosophy of Technology and Engineering Science (pp. 1103-1146). Handbook of the Philosophy of Science. North Holland: Elsevier.

Heidegger, Martin. 2002. Heráclito. Tradução de Márcia Schuback. Rio de Janeiro: Relume Dumará.

Homer. 2016. The Odyssey. Translated by Anthony Verity. Oxford: Oxford University Press.

Homero. 2018a. Ilíada. Tradução de Frederico Lourenço. São Paulo: Penguin Companhia das Letras.

Homero. 2018b. Odisseia. Tradução de Frederico Lourenço. São Paulo: Penguin Companhia das Letras.

Jaeger, Werner. 2013. Paidéia. A formação do homem grego. São Paulo: Martins Fontes.

Latouche, Serge. 2009. Farewell to Growth, Cambridge: Polity Press.

Latouche, Serge. 2010. Degrowth. Journal of Cleaner Production 18, 519-522.

Liddell, Henry George; Scott, Robert. 1889. A Greek-English Lexicon. Oxford: Clarendon Press.

Marras, Stelio. 2018. "Por uma Antropologia do Entre: reflexões sobre um novo e urgente descentramento do humano". Revista do Instituto de Estudos Brasileiros 69, 250-266.

Mauss, Marcel. 1990 [1925]. The Gift: The Form and Reason for Exchange in Archaic Societies, London: W.W. Norton.

Mignolo, Walter. 2000. Local Histories/Global Designs: Coloniality, Subaltern Knowledges, and Border Thinking. Princeton: Princeton University Press.

Nettl, Bruno. 2006. “O Estudo Comparativo da Mudança Musical: estudos de caso em quatro culturas”. Revista Anthropológicas 17 (1), 11-34.

Nora, Simon; Minc, Alain. 1978. L'informatisation de la Societe. France: La Documentation Francaise.

Pansera, Mário. 2011. "The origins and purpose of eco-innovation". Global Environment 7/8, 128-155.

Praetorius, Ina. 2015. The Care-centered Economy. Rediscovering what has been taken for granted. Economic and social issues. Publication Series on Economic and Social Issues 16. Berlin: Heinrich Böll Foundation.

Rüsen, Jörn. 2004. "How to overcome ethnocentrism: approaches to a culture of recognition by history in the twenty-first century". History and Theory 43 (4), Theme issue 43: Historians and Ethics, 118-129.

Schmidt, Dörte. 2008. "Kulturelle Räume und ästhetische Universalität. Musik und Musiker im Exil". Exilforschung (pp. 1-7). Ein internationales Jahrbuch 26. München: Edition Text + Kritik.

Schmidt, Dörte. 2017. "A Música na Obra de Vilém Flusser ou: a formação de uma teoria sob as condições do exílio e a insistência nas aquisições do iluminismo além da hegemonia cultural". Na Música. Vilém Flusser (pp. 175-184). São Paulo: Annablume.

Schlingensief, Christoph. 2020. Operndorf Afrika. Leipzig: Spector Books.

Soares, Paulo Marcondes Ferreira. 2011. "Arte e Política no Brasil. Os Anos 1960: questões de arte e participação social". Estudos de Sociologia 2 (17).

Stengers, Isabelle; Prigogine, Ilya. 1997. A Nova Aliança: metamorfose da ciência. Brasília: Editora da UnB.

Publicado

2022-07-10

Edição

Seção

Artigos em Português/Espanhol

Como Citar

“Sob As Musas, Sobre a técnica: Uma investigação De possíveis Interfaces Entre pós-Humanismo E Música”. 2022. Per Musi, nº 42 (julho): 1-19. https://doi.org/10.35699/2317-6377.2022.39909.

Artigos Semelhantes

1-10 de 278

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.