A ‘Acusmaticidade’ da música de piano para a mão esquerda

o caso de Resignação, op. 39, de José Vianna da Motta

Autores

DOI:

https://doi.org/10.35699/2317-6377.2025.56346

Palavras-chave:

Acusmaticidade, Mão Esquerda, Piano, Resignação, José Vianna da Motta

Resumo

O presente artigo sustenta a hipótese de a música de piano para a mão esquerda demonstrar características acusmáticas, partindo do conceito de ‘Acusmaticidade’ de Brian Kane (Kane 2014), que estabelece os princípios para a caracterização de diferentes situações acusmáticas por oposição ao estado “estático” de escuta de um som cuja fonte não está visível (Kane 2014). A ilusão da ação de múltiplas mãos – no repertório para a mão esquerda - cria uma fratura no vínculo expectável entre o visual e o auditivo que proporciona uma atitude de escuta particular, normalmente associada à escuta acusmática. Como estudo de caso, será analisada a obra Resignação, melodia para a mão esquerda, op. 39, de José Vianna da Motta. A comparação com o arranjo para piano (duas mãos) e flauta, realizado pelo próprio compositor – Resignação op. 40 -, evidencia o cumprimento das prerrogativas para que se identifique uma situação acusmática em Resignação op. 39.

Biografia do Autor

  • André Roque Cardoso, Universidade de Aveiro

    Concluiu a Licenciatura em Ensino da Música (Piano) em 2005 pela Universidade de Aveiro, onde estudou com Vitali Dotsenko (piano) e António Chagas Rosa (Música de Câmara). Entre 2005 e 2011 integra as classes de piano de Guigla Katsarava e de música de câmara de Nina Patarcec na Ecole Normale de Musique de Paris, onde obtém o Diplôme d'Exécution, o Diplôme Supérieur d'Exécution, o Diplôme Supérieur de Concertiste e o Certificat de Perfectionnement. Durante este período apresenta-se em recitais enquanto solista e membro de diferentes formações de música de câmara, frequenta masterclasses de piano, cursos de verão e concursos de piano, obtendo o primeiro prémio no «Concours International dans le cadre de "Guigla Katsarava Master-class"», o segundo prémio no «1º Concurso Internacional de Piano "Helena Sá e Costa» e, no mesmo concurso, o Prémio Especial Luiz Costa. Entre 2010 e 2017, apresentou-se pela primeira vez com orquestra enquanto solista com repertório barroco, clássico, romântico e moderno; colaborou com o ensemble de música contemporânea Síntese; apresentou-se a solo e em música de câmara em festivais na Eslovénia, França, Moldávia e Portugal; organizou atividades, concertos e festivais, nomeadamente as quatro edições do festival “As Lições dos Jovens Mestres – Youngclasses”; e foi docente em vários conservatórios e academias de música em Portugal. Entre 2015 e 2018 concluiu as unidades curriculares do Curso de Formação Avançada do Programa Doutoral em Música iniciando a atividade de investigação académica na área do repertório pianístico português para a mão esquerda. Neste contexto, foi editor de partituras na AvA musical Editions; e apresentou a estreia mundial de peças portuguesas para a mão esquerda, nomeadamente de obras encomendadas pelo Festival Internacional de Música da Primavera de Viseu, entre as quais se contam as duas primeiras obras para piano (mão esquerda) e eletrónica. Enquanto pedagogo ministra regularmente masterclasses de piano e é atualmente professor na Escola Artística do Conservatório de Música de Coimbra. Entre 2022 e 2024, lançou os Cds “Adestro” e “Adestro Vol. II”, dedicados à música portuguesa para piano para a mão esquerda, e frequenta o 3º ano do programa doutoral da Universidade de Aveiro (Performance).

  • Helena Marinho, Universidade de Aveiro

    Os principais interesses de investigação de Helena Marinho incluem a investigação artística, a história e as práticas musicais portuguesas dos séculos XX e XXI, a música e o género, e os estudos empíricos em música. Atualmente, é Professora Associada no Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro (Portugal) e coordenadora do polo da Universidade de Aveiro do Instituto de Etnomusicologia - Centro de Estudos em Música e Dança. As suas publicações incluem livros, livros editados e capítulos de livros publicados pela Routledge, Colibri, Caminho, Imperial College Press, Brepols, Cambridge Scholars, MPMP, AVA Musical Editions e Editions Hispaniques, bem como artigos em diversas revistas nacionais e internacionais (Musicae Scientiae, Frontiers, Musica Hodie, Opus, E-Cadernos CES, Psychology of Music, Studies in Musical Theatre, Music & Practice, Vortex, entre outras). Apresenta regularmente a sua investigação em conferências nacionais e internacionais, sendo frequentemente convidada como keynote speaker, além de exercer funções como editora associada e revisora de artigos e livros para publicações internacionais, como Opus, Psychology of Music, Debates, Orpheus Institute e Frontiers. Helena liderou três projetos de investigação plurianuais competitivos, financiados pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e por fundos europeus: "Images from Land and Sea: Frederico de Freitas and music in twentieth-century Portuguese culture" (2012-2015), "Euterpe unveiled: Women in Portuguese musical creation and interpretation during the 20th and 21st centuries", e "Xperimus: Experimentation in music in Portuguese culture: History, contexts and practices in the 20th and 21st centuries". Atualmente, lidera o projeto "Shores", financiado pelo programa Creative Europe. Na Universidade de Aveiro, desempenhou funções como diretora do Mestrado em Música e coordenadora do programa Erasmus+ do departamento, sendo atualmente membro da comissão científica do programa de Doutoramento em Música. Leciona principalmente cursos de pós-graduação, tendo supervisionado seis projetos de pós-doutoramento, oito teses de doutoramento (além de orientar atualmente dez doutorandos) e 36 dissertações de Mestrado em Música e em Ensino da Música. Em 2018, foi investigadora visitante no Orpheus Institute. Enquanto perita externa, colaborou na avaliação de projetos do Programa Cultura da Comissão Europeia, do Austrian Science Fund, e integrou júris de avaliação de bolsas de investigação da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT). Entre 2021 e 2024, foi membro da Direção da Sociedade Portuguesa de Investigação em Música (SPIM) e, atualmente, é consultora da Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES). Obteve os graus de mestre na Norwegian State School of Music (com uma bolsa do Governo da Noruega) e na University of Kansas (com uma bolsa Fulbright). Concluiu o doutoramento em 2004 na University of Sheffield. Helena Marinho concilia a investigação académica com uma carreira como pianista, atividade que sustenta muitos dos seus resultados de investigação artística. Apresentou-se a solo e em grupos de música de câmara em salas de concerto e festivais em Portugal, assim como nos EUA, Brasil, Colômbia, Costa Rica, Irlanda, Reino Unido, França, Espanha, Itália, Grécia, Suécia, Noruega, Etiópia e Índia. A sua atividade performativa inclui projetos com piano moderno e fortepiano, tendo gravado (ou participado em) 13 CDs, com repertório clássico e contemporâneo (acústico e misto) em ambos os instrumentos. Realizou ainda várias gravações para a rádio e televisão portuguesa, bem como para a televisão francesa. Estreou várias obras contemporâneas e colabora frequentemente com compositores de Portugal e de outros países. Vinte e um dos projetos que concebeu e interpretou, que fundamentam a sua investigação artística, foram selecionados para financiamento pelo Ministério da Cultura de Portugal.

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2025-03-08

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v. 26 (2025): General Topics

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Como Citar

“A ‘Acusmaticidade’ Da Música De Piano Para a mão Esquerda: O Caso De Resignação, Op. 39, De José Vianna Da Motta”. 2025. Per Musi 26 (março): 1-18. https://doi.org/10.35699/2317-6377.2025.56346.