A Importância da Autonomia dos Estudantes para a Ocorrência de Práticas Epistêmicas no Ensino por Investigação

Autores

  • Maíra Batistoni e Silva Departamento de Fisiologia Instituto de Biociências Universidade de São Paulo https://orcid.org/0000-0002-5490-1862
  • Eloísa Cristina Gerolin Programa de Pós-Graduação em Educação Faculdade de Educação Universidade de São Paulo https://orcid.org/0000-0001-9382-3812
  • Sílvia L. Frateschi Trivelato Departamento de Metodologia do Ensino e Educação Comparada Faculdade de Educação Universidade de São Paulo https://orcid.org/0000-0002-3444-7359

DOI:

https://doi.org/10.28976/1984-2686rbpec2018183905

Palavras-chave:

práticas epistêmicas, ensino por investigação, autonomia do estudante

Resumo

Neste trabalho investigamos a relação entre a autonomia dos estudantes para tomar decisões referentes às transformações do conhecimento ao longo do processo investigativo e seu engajamento com práticas epistêmicas numa atividade de ensino baseado em investigação. Partimos das hipóteses de que os momentos com maior diversidade de práticas epistêmicas estariam associados às transformações performadas pelos alunos ao longo do processo investigativo, e que os mesmos momentos teriam alto grau de autonomia dos estudantes. Como procedimento, mapeamos a ocorrência de práticas epistêmicas nas interações discursivas de dois grupos de estudantes ao longo de uma atividade de ensino por investigação sobre dinâmica populacional. A partir desse mapeamento, identificamos os episódios com maior diversidade de práticas epistêmicas e, nestes, analisamos as interações discursivas buscando caracterizar a situação didática que promoveu essa maior diversidade. Nossas análises revelaram que os dois grupos de estudantes conduziram suas investigações de formas distintas, realizando as transformações do conhecimento (dado → evidência → padrão/modelo → explicação) em diferentes momentos e de maneira não-linear. Também tivemos evidências que os momentos de transformações ao longo do processo investigativo eram constituídos por processos de construção de consenso e de decisão. Com apenas uma exceção, a proposição da ação que se converteu em consenso nos grupos fora feita por estudantes, o que revelou que atuavam com autonomia nesse processo. Concluímos que a ocorrência de uma maior diversidade de práticas epistêmicas se relacionou com os momentos de transformações do conhecimento e com contextos investigativos que promoveram a autonomia dos estudantes para conduzir a investigação.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Anderson, R. D. (2002). Reforming Science Teaching: What Research says about inquiry. Journal of Science Teacher Education, 13(2), 1–12. https://doi.org/10.1023/A:1015171124982
Banchi, H., & Bell, R. (2008). The many levels of inquiry. Science and Children, 46(2), 26–29.
Carvalho, A. M. P. (2012). Os estágios nos cursos de licenciatura. São Paulo: Cengage Learning.
Dewey, J. (1916). Democracy and education: an introduction to the philosophy of education. New York: Macmillan.
Duschl, R. (2008). Science Education in Three-Part Harmony: Balancing Conceptual, Epistemic, and Social Learning Goals. Review of Research in Education, 32(1), 268–291. http://doi.org/10.3102/0091732X07309371
Galembeck, P. T. (2010). O turno conversacional. In D. Preti (Org.), Análise de textos orais. (pp. 65–92). São Paulo: Humanitas.
Hodson, D. (2014). Learning science, learning about science, doing science: Different goals demand different learning methods. International Journal of Science Education, 36(15), 2534–2553. https://doi.org/10.1080/09500693.2014.899722
Jiménez-Aleixandre, M. P. (2014). Determinism and Underdetermination in Genetics: Implications for Students’ Engagement in Argumentation and Epistemic Practices. Science & Education, 23(2), 465–484. http://dx.doi.org/10.1007/s11191-012-9561-6
Jiménez-Aleixandre, M. P., & Crujeiras, B. (2017). Epistemic Practices and Scientific Practices in Science Education. In K. S. Taber, & B. Akpan (Org.). Science Education: An International Course Companion (pp. 69–80). Rotterdam: SensePublishers. https://doi.org/10.1007/978-94-6300-749-8_5
Jiménez-Aleixandre, M. P., Mortimer, F., Silva, A. C. T., & Díaz, J. (2008). Epistemic practices: an analytical framework for science classrooms. In Annual American Educational Research Association. New York City, NY/EUA.
Kelly, G. J. (2008). Inquiry, activity, and epistemic practice. In R. A. Duschl, & R. E. Grandy (Org). Teaching scientific inquiry. Recommendations for research and implementation (pp. 99–117). Rotterdam: Sense Publishers.

Kelly, G. J., & Duschl, R. A. (2002). Toward a research agenda for epistemological studies in science education. In National Association for Research in Science Teaching Meeting, New Orleans, LA/EUA.
Kelly, G. J., & Licona, P. (2018). Epistemic Practices and Science Education. In M. R. Matthews (Org.). History, Philosophy and Science Teaching: New Perspectives (pp. 139–165). Cham: Springer International Publishing. https://doi.org/10.1007/978-3-319-62616-1_5
Krasilchik, M., & Marandino, M. (2007). Ensino de Ciências e Cidadania. São Paulo: Editora Moderna.
Martins, I. (2006). Dados como diálogo – construindo dados a partir de registros de observação de interações discursivas em salas de aula de ciências. In F. M. T. Santos, & I. M. Greca (Org.). A pesquisa em ensino de ciências no Brasil e suas metodologias (pp. 297–321). Ijuí: Editora UNIJUI.
Minner, D. D., Levy, A. J., & Century, J. (2010). Inquiry-based science instruction—what is it and does it matter? Results from a research synthesis years 1984 to 2002. Journal of Research in Science Teaching, 47(4), 474–496. http://dx.doi.org/10.1002/tea.20347
Mortimer, E. F., & Araújo, A. O. (2014). Using productive disciplinary engagement and epistemic practices to evaluate a traditional Brazilian high school chemistry classroom. International Journal of Educational Research, 64, 156–169. https://doi.org/10.1016/j.ijer.2013.07.004
NRC (2000). Inquiry and the national science education standards: A guide for teaching and learning. Washington: National Academies Press.
Osborne, J. (2016). Defining a knowledge base for reasoning in science: the role of procedural and epistemic knowledge. In R. A. Duschl, & A. S. Bismack (Org.). Reconceptualizing STEM education: the central role of practices (pp.215–231). New York: Routledge.
Sadeh, I., & Zion, M. (2009). The development of dynamic inquiry performances within an open inquiry setting: A comparison to guided inquiry setting. Journal of Research in Science Teaching, 46(10), 1137–1160. http://doi.org/10.1002/tea.20310
Sadeh, I., & Zion, M. (2012). Which Type of Inquiry Project Do High School Biology Students Prefer: Open or Guided?. Research in Science Education, 42(5), 831–848. https://doi.org/10.1007/s11165-011-9222-9
SEE-SP (2008). Proposta Curricular do Estado de São Paulo: Biologia. M. I. Fini (Coord.). São Paulo: SEE, 2008.
Scarpa, D. L., & Silva, M. B. (2013). A Biologia e o ensino de Ciências por investigação: dificuldades e possibilidades. In A. M. P. Carvalho (Org.). Ensino de Ciências por investigação: condições para implementação em sala de aula (pp. 129–152). São Paulo: Cengange Learning.
Scarpa, D. L., Sasseron, L. H., & Silva, M. B. (2017). O Ensino por Investigação e a Argumentação em Aulas de Ciências Naturais. Tópicos Educacionais, 23(1), 7–27.
Schwab, J. J. (1962). The teaching of science as inquiry. In J. J. Schwab & P. F. Brandwein (Org.). The teaching of science (pp. 1–103). Massachusetts: Harvard University Press.
Silva, A. C. T. (2015). Interações discursivas e práticas epistêmicas em salas de aula de ciências. Ensaio: Pesquisa em Educação em Ciências, 17(spe), 69–96. https://dx.doi.org/10.1590/1983-2117201517s05
Silva, M. B., & Trivelato, S. L. F. (2016). Propiciando o engajamento em práticas epistêmicas da cultura científica: uma proposta de atividade investigativa sobre dinâmica populacional. Revista de Ensino de Biologia da Associação Brasileira de Ensino de Biologia (SBEnBio), 9, 4932–4941.
Silva, M. B., & Trivelato, S. L. F, (2017). A mobilização do conhecimento teórico e empírico na produção de explicações e argumentos numa atividade investigativa de Biologia. Investigações em Ensino de Ciências, 22(2), 139–153. http://doi.org/10.22600/1518-8795.ienci2017v22n2p139
Silverman, D (2000). Doing qualitative research: a practical handbook. London: Sage.
Tamir, P. (1977). How are the laboratories used? Journal of Research in Science Teaching, 14(4), 311–316, 1977. http://dx.doi.org/10.1002/tea.3660140408
Wu, H. K., & Krajcik, J. S. (2006). Exploring middle school students’ use of inscriptions in project-based science classrooms. Science Education, 90(5), 852–873. http://doi.org/10.1002/sce.20154
Zion, M., & Mendelovici, R. (2012). Moving from structured to open inquiry: Challenges and limits. Science Education International, 23(4), 383–399.

Downloads

Publicado

2018-12-15

Como Citar

Silva, M. B. e, Gerolin, E. C., & Trivelato, S. L. F. (2018). A Importância da Autonomia dos Estudantes para a Ocorrência de Práticas Epistêmicas no Ensino por Investigação. Revista Brasileira De Pesquisa Em Educação Em Ciências, 18(3), 905–933. https://doi.org/10.28976/1984-2686rbpec2018183905