O aparente paradoxo democrático

reflexões entre a lucidez e a cegueira do ódio à democracia

Autores

  • Ana Martina Baron Engerroff Universidade Federal de Santa Catarina
  • Luana Do Roccio Taborda Universidade Federal de Santa Catarina

DOI:

https://doi.org/10.35699/2525-8036.2018.5098

Palavras-chave:

Democracia, Ensaio sobre a Lucidez, Ódio à democracia

Resumo

Neste artigo propomo-nos discutir a polissemia da democracia, uma vez que a expressão tem sido utilizada indiscriminadamente para justificar argumentos e ações que, a princípio, não seriam do cerne democrático. Tomando como mote o “Ensaio sobre a Lucidez” de José Saramago (2005), levantamos a questão do aparente paradoxo da democracia: bradada como o símbolo de soberania popular, esta soberania está longe de ser efetivada, servindo-se do regime político para poucos. A partir da apresentação da obra literária, é possível, primeiro, apresentar o argumento do paradoxo para, no segundo ponto, iluminar a reflexão demonstrando que este paradoxo é, na verdade, somente aparente, porque o que está em jogo não é a democracia em si, mas é o ódio a ela, conforme apresentado por Jacques Rancière (2014).

Biografia do Autor

  • Ana Martina Baron Engerroff, Universidade Federal de Santa Catarina

    Mestranda em Sociologia Política pela Universidade Federal de Santa Catarina–Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas. Licenciada em Ciências Sociais pela mesma universidade. Graduada em Direito pela Faculdade Estácio de Sá de Santa Catarina. Bolsista CAPES. Contato: anambaron@hotmail.com. http://orcid.org/0000-0002-3957-0428

  • Luana Do Roccio Taborda, Universidade Federal de Santa Catarina
    Mestranda em Sociologia Política pela Universidade Federal de Santa Catarina.Graduada e licenciada em Ciências Sociais pela mesma universidade.-Bolsista CAPES. Contato: luanadorocio@gmail.com. http://orcid.org/0000-0002-1712-1963.    

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Publicado

19-07-2018

Como Citar

O aparente paradoxo democrático: reflexões entre a lucidez e a cegueira do ódio à democracia. Revista de Ciências do Estado, Belo Horizonte, v. 3, n. 1, p. 313–334, 2018. DOI: 10.35699/2525-8036.2018.5098. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/revice/article/view/e5098. Acesso em: 19 dez. 2024.

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