Reflexôes à luz do pensamento de Giorgio Agamben, Roberto Esposito e Zygmunt Bauman sobre o adolescente negro e pobre no Rio de Janeiro

Autores

  • Anna Carolina Cunha Pinto Universidade Federal Fluminense

DOI:

https://doi.org/10.35699/2525-8036.2018.5100

Palavras-chave:

Estado de exceção, Homo sacer, Communitas, Modernidade Líquida, Adolescentes

Resumo

Este artigo pretende analisar à luz de conceitos de Agamben, Esposito e Bauman a situação dos adolescentes negros, pobres e periféricos do Estado do Rio de Janeiro, por muitos considerados inimigos públicos, numa sociedade que busca cada vez mais minimizar o contato entre os desiguais em tempos de modernidade líquida. A fim de poupar a interação entre estranhos que tem chance de se encontrar, a comunidade marcada pela falta de vínculo explicitada por roberto esposito, em communitas, aniquila o outro de variadas formas. Através da realidade destes adolescentes, nota-se que tal aniquilação dá-se de distintos modos sob a perspectiva do permanente estado de exceção, apregoado por Giorgio Agamben, passando pelo isolamento em suas comunidades, rotina de violação de direitos e rotulação como inimigo público. Este último justifica para determinada parcela da sociedade, assim como era para a figura do homo sacer, que estas vidas sejam ceifadas em nome de questões de segurança pública.

 

Biografia do Autor

  • Anna Carolina Cunha Pinto, Universidade Federal Fluminense

    Graduação em Direito pela UCAM. Mestrado em andamento pelo PPGSD/UFF. Contato: annacarolinapinto@id.uff.br. http://orcid.org/0000-0001-7842-9905

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Publicado

19-07-2018

Como Citar

Reflexôes à luz do pensamento de Giorgio Agamben, Roberto Esposito e Zygmunt Bauman sobre o adolescente negro e pobre no Rio de Janeiro . Revista de Ciências do Estado, Belo Horizonte, v. 3, n. 1, p. 389–408, 2018. DOI: 10.35699/2525-8036.2018.5100. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/revice/article/view/e5100. Acesso em: 19 dez. 2024.

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