O traço como reinscrição política no filme Apiyemiyekî?
DOI:
https://doi.org/10.35699/2238-2046.2023.45323Palavras-chave:
Desenho, Traço, Identidade narrativa, Reinscrição políticaResumo
Neste texto buscamos analisar como o filme Apiyemiyekî? explora o desenho enquanto testemunho imagético do povo Waimiri-Atroari, dizimado durante a ditadura civil-militar no Brasil. O filme, ao colocar o gráfico em protagonismo, alcança uma discussão na qual a impossibilidade de narrar o trauma e a dor se entrelaça ao aspecto disruptivo e não visível do traço. Os desenhos, além de revelarem uma outra perspectiva dos fatos, expõem as ausências que acercam a identidade narrativa da comunidade retratada, reconfigurando a experiência histórica do espectador. Entendemos essa construção fílmica como uma reinscrição política capaz de elaborar o passado a partir daquilo que falta e que dele resta enquanto traço. Para a análise, faremos uma aproximação com a ideia de um “pensamento do desenho” levando em conta o ponto cego e do autorretrato, pelos quais é possível expor a resistência do traço e o não visível da imagem.
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