Repensar o esquecimento
fragmento e ruína em arte contemporânea
DOI:
https://doi.org/10.35699/2238-2046.2024.48673Palavras-chave:
Fragmento, ruína, memória, experiência, esquecimentoResumo
Obras de arte contemporânea, como as de Anselm Kiefer, Ai Weiwei, Ibrahim Mahama,
Daniel Senise, Ana Pi e Taata Imê, incitam a pensar diferencialmente memória e esquecimento através das disposições singulares de fragmentos e ruínas. A fim de evidenciar o contributo dessas obras para pensar o contemporâneo, este artigo propõe-se,
primeiramente, a situar a especificidade dos respectivos temas em elaborações filosóficas
contemporâneas. Apoiando-se em considerações de Bergson, Benjamin, Ricœur, Assmann, Simmel e Derrida, sublinha-se em que medida acepções vitalistas ou continuístas da memória e da lembrança cederam espaço ao problema do esquecimento, ao relevo do caráter fragmentário da experiência histórica e ao aprofundamento da noção de ruína. Será então tematizado como o contemporâneo indicia-se diferencialmente em fragmentos e ruínas nas obras de arte mencionadas.
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