Editorial
DOI:
https://doi.org/10.35699/2238-2046.2025.61610Palavras-chave:
EditorialResumo
Sentimos falta daquela conversa próxima. A conversa que surge depois do abraço apertado, coração a coração, e que assim começa: “você leu o artigo? E o ensaio visual, o escrito de artista?A tradução, leu? A entrevista?”, e logo pegando um café no balcão da cantina, com o sorriso de praxe, puxando a prosa: “o material da revista tá ótimo, abre aí o celular, vou te mostrar” (com entusiasmo).
14 anos da Revista PÓS. O tempo faz lembrar o poeta Mário Quintana, que diz:
Adolescente, olha! A vida é nova…
A vida é nova e anda nua
— vestida apenas com o teu desejo!
Mas na conversa próxima, o comentário íntimo é: “penso na guerra, na injustiça, no genocídio. 1925, Alemanha. 2025, Estados Unidos”... (o gole de café ajuda a animar)
Para esta nova edição da Revista PÓS, há vida nova, há desejo, mas é impossível não falar também sobre a necropolítica que nos cerca, ataca, com toda a sua engrenagem. Ainda assim, a arte segue sem recuar nos seus vários modos de se fazer sensível, visível e indagadora, fortalecendo e ampliando experiências aesthesicas e estéticas, apresentando posicionamentos à sua maneira.
“A vida é nova e anda nua”, disse o poeta. O que poderá nos envolver, nos cobrir, nos pintar, nos mascarar, então? Que desejo nos vestirá, em nossa nudez, e nos impulsionará caminho à frente em meio a cenários tão devastados e corações esmagados?
Os artigos desta edição da Revista PÓS trazem propostas distintas para trançarmos os fios e criarmos nossos vestidos. Mostram a arte se fazendo respiro, um modo de (se) reinventar, inovar, expondo também contradições, tensionando o que se apresenta como “verdade” e que, de fato, é subalternização, violência. Os textos aqui presentes trazem intercâmbios entre o local e o global, entre normas e desvios.
Com a apresentação dos materiais, unindo-nos em um trabalho conjunto, não pouco árduo, pessoas autoras e equipe de editoria mostram um processo de crescimento e fortalecimento continuado da Revista PÓS. Com esta nova gestão de Editoria-chefe (2025-2027), nos vestimos do desejo das pessoas que nos antecederam nesta atividade, a quem agradecemos, agora bordando e movendo expressivamente outros traços que, embora desafiadores, nos guiam não somente para o que se faz necessário, neste momento, à Revista PÓS, como também nos enlaçam para criar aqui outros sonhos. Manutenção e ampliação de indexações? Sim, pois inserir a Revista PÓS e difundi-la melhor no seu tempo é importante, é reconhecimento de mérito, ou seja, é manutenção e aumento de sua qualidade acadêmico-artística. Com a extinção do Sistema Qualis em outubro de 2024, pela CAPES2, e da classificação de periódicos a partir do Quadriênio 2025-2028, a indexação passou a ser um critério de maior garantia de qualidade e visibilidade para a Revista PÓS. Por outro lado, queremos também zelar pelas nossas singularidades no campo das artes, compreendendo os processos de indexação de modo crítico para a difusão das produções de nossa área. Assim, esta parece ser uma luta bem árdua em nosso campo. E, ainda, para a concretização e manutenção de indexações, lembramos que existe a demanda de recursos financeiros. Internacionalização? Sim, diálogos externos são relevantes, e isso também se relaciona aos processos de indexação, em acordo com políticas internacionais de publicação acadêmica, mas não queremos perder ou inibir nossos pares brasileiros. Ampliar o acesso da Revista PÓS para docentes, pessoas pesquisadoras e estudantes de artes no Ensino Técnico, Médio, Fundamental, Básico, outros? Sim, afinal a arte pode se fortalecer ainda mais nestes contextos por meio da circulação de materiais como os que aqui são apresentados. Defender a área de artes no âmbito das produções e divulgações de pesquisa, ciência, tecnologia, inovação, do ensino universitário, das associações de pesquisa e pós-graduação em artes, e das agências de fomento à pesquisa? Sem dúvida, sempre, ainda que dentro dos propósitos específicos que aqui nos reúne.
Sentimos falta daquela conversa próxima. Com Quintana, dizemos: a Revista PÓS segue em frente, como jovem felina, farejando o vento, com curiosidade fascinante e fremente. Aberta a conversações.
Você aceita um café, um chá? Uma conversa?
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Referências
Quintana, Mário. Apontamentos de história sobrenatural. Porto Alegre: Editora Globo/Instituto Estadual do Livro, 1976.
BRASIL. Ministério da Educação. Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Ofício Circular nº 46/2024-DAV/CAPES, de 3 out. 2024. Brasília, DF, 2024. Disponível em: https://www.gov.br/capes/pt-br/centrais-de-conteudo/documentos/conselho-tecnico-cientifico-da-educacao-superior/oficios-ctc-
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