Como quem escreve desejando presença
entre conceitos e práticas artísticas autonarrativas
DOI:
https://doi.org/10.35699/2238-2046.2024.52468Palavras-chave:
autonarrativa, poética audivisual, escrevivência, epistemologia, opacidadeResumo
Uma obra autonarrativa pode ser compreendida como a expressão de um modo de viver, um modo de viver consigo mesma, e um modo de viver na/com a arte. A partir de uma discussão em torno dos conceitos de autobiografia (Philippe Lejeune), autoficção (Serge Doubrowsky) e escrevivência (Conceição Evaristo), o presente artigo procura elaborar reflexões em torno da epistemologia, da escrita, da práxis artística e da recusa à transparência em uma elaboração autonarrativa. Com base nessas questões, volta-se ao projeto Nhemongueta Kunhã Mbaraete (2020), de Michele Kaiowá, Graciela Guarani, Patrícia Ferreira Pará Yxapy e Sophia Pinheiro, para refletir sobre como essa proposição artística e suas realizadoras fabulam gestos de escrita enquanto memória e criação, ao sugerirem uma comunicação profunda que acontece além de qualquer distância.
Referências
BASBAUM, Ricardo. Bioconceitualismo: exercícios, aproximações e zonas de contato. Revista
Concinnitas, Rio de Janeiro, v. 1, n. 32, p. 231-241, 2019.
DOMINGOS, Ana Cláudia. Reflexos do eu: simulação e narcisismo na literatura contemporânea de
autoficção. In: CONGRESSO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO, 35., 2015, Rio de Janeiro. Anais […]. Rio
de Janeiro: Intercom, 2015.
DORRICO, Julie; DANNER, Fernando; DANNER, Leno Francisco (org.). Literatura indígena brasileira
contemporânea: autoria, autonomia, ativismo. Porto Alegre: Editora Fi, 2020.
EVARISTO, Conceição. Escrevivência: a escrita de nós – reflexões sobre a obra de Conceição Evaristo.
Org. Constância Lima Duarte, Isabella Rosado Nunes. Rio de Janeiro: Mina, 2021.
EVARISTO, Conceição. Becos da memória. Rio de Janeiro: Pallas, 2017.
EVARISTO, Conceição. Da grafia-desenho de minha mãe, um dos lugares de nascimento de minha
escrita. In: ALEXANDRE, Marcos A. (org.). Representações performáticas brasileiras: teorias, práticas
e suas interfaces. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2007. p. 16-21.
EVARISTO, Conceição. Literatura negra: uma poética de nossa afro-brasilidade. Scripta, v. 13, n. 25, p.
-31, 2009.
FAEDRICH, Anna. Autoficção: um percurso teórico. Criação e Crítica, n. 17, p. 30-46, dez. 2016.
FOUCAULT, Michel. As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas. São Paulo:
Martins Fontes, 2000.
FOUCAULT, Michel. História da sexualidade: o cuidado de si. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão – história da violência nas prisões. Trad.
Raquel Ramalhete. Petrópolis: Vozes, 1998.
FREITAS, Kênia. Afrofabulações e opacidade: as estratégias de criação do documentário negro
brasileiro contemporâneo. In: RICARDO, Laércio (org.). Pensar o documentário: textos para um
debate. Recife: Editora UFPE, 2020. p. 201-228.
FREITAS, Kênia. Terrorismo narrativo para bagunçar a matemática da mito máquina. In. BAMBIRRA,
Analu; ALMEIDA, Carol; AYMAN, Aila (curadoria). 2ª Mostra de Cinema Árabe Feminino. Brasília:
Ministério do Turismo; Belo Horizonte: Centro Cultural Banco do Brasil, 2021. p. 154-157.
GLISSANT, Édouard. Conferência de Édouard Glissant. Paris: Maison de L’Amérique Latine, 2010.
GLISSANT, Édouard. Poética da relação. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2021.
GILROY, Paul. O Atlântico negro: modernidade e a dupla consciência. São Paulo: Editora 34, 2012.
HALL, Stuart. Cultura e representação. Rio de Janeiro: Apicuri, 2016
HOLANDA, Karla; TEDESCO, Marina Cavalcanti (org.). Feminino e plural: mulheres no Cinema
Brasileiro. Campinas: Papirus, 2017.
hooks, bell. Ensinando a transgredir: a educação como prática libertadora. São Paulo: Martins
Fontes, 2013.
LEJEUNE, Philippe. O pacto autobiográfico: de Rousseau à internet. Belo Horizonte: Editora UFMG,
LOPES, Denilson. Nós, os mortos: melancolia e neo-barroco. Rio de Janeiro: 7Letras, 1999.
MARTINS, Leda Maria. Afrografias da memória: o Reinado do Rosário no Jatobá. São Paulo: Martins
Fontes, 2021a.
MARTINS, Leda Maria. Performances do tempo espiralar: poéticas do corpo-tela. Rio de Janeiro:
Cobogó, 2021b.
MOMBAÇA, Jota; MATIUZZI, Musa Michelle. Carta à leitora preta do fim dos tempos. In: FERREIRA DA
SILVA, Denise. A dívida impagável. São Paulo: Casa do Povo: Oficina de Imaginação Política, 2019.
MOURÃO, Patrícia Andrade. A invenção de uma tradição: caminhos da autobiografia no cinema
experimental. 2019. 296 p. Tese (Doutorado) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2019.
NHEMONGUETA Kunhã Mbaraete. Direção: Michele Kaiowá, Graciela Guarani, Patrícia Ferreira Pará
Yxapy e Sophia Pinheiro. São Paulo: IMS, 2020. (140 min).
NORONHA, Jovita Maria Gerheim Noronha. Ensaios sobre autoficção. Belo Horizonte: Editora UFMG,
PACHAMAMA, Aline Rochedo. Boacé Metlon – Palavra é coragem – Autoria e ativismo de originários
na escrita da História. In: DORRICO, Julie; DANNER, Fernando; DANNER, Leno Francisco (org.).
Literatura indígena brasileira contemporânea: autoria, autonomia, ativismo. Porto Alegre: Editora
Fi, 2020.
PRECIADO, Paul B. Um apartamento em Urano: crônicas da travessia. Rio de Janeiro: Zahar, 2020.
RUIZ, Coraci Bartman. Documentário autobiográfico de mulheres: tecnologias, gestos, resistências.
256 p. Tese (Doutorado) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2020.
SANTANA, Tiganá. A capoeira do pensamento. In: CAJUBI: ruptura e reencanto. Textos de Ailton
Krenak, Elisa Lucinda, Luiz Antonio Simas, Márcio Seligmann-Silva, Tiganá Santana e Tom Zé. Artistas
visuais: Denilson Baniwa, Marcia Ribeiro, Marcola, Marina Wisnik, Ricardo Càstro, Rodrigo Garcia Dutra
e Uýra Sodoma. São Paulo: Incompleta, 2021. p. 83-93.
SILVA, Denise Ferreira da. Homo Modernus. Para uma história global de raça. Rio de Janeiro: Cobogó,
SANTOS, Matheus Araujo dos. Atravessando abismos em direção a um Cinema Implicado: negridade,
imagem e desordem. Logos, Rio de Janeiro, v. 27, n. 1, p. 11-24, 2019.
SOUZA, Lívia Natália. Uma reflexão sobre os discursos menores ou a escrevivência como narrativa
subalterna. Crioula, São Paulo, n. 21, p. 25-43, 2018.
VIANA, Janaina Barros Silva. A invisível luz que projeta a sombra do agora: gênero, artefato e
epistemologias na arte contemporânea brasileira de autoria negra. 2018. 326 p. Tese (Doutorado em
Estética e História da Arte) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2018.
VIEIRA, Sue Ellen. Pornoklastia como ética do cuidado de si e estética da existência: uma rota de
fuga à episteme pharmacopornográfica através da escrita de si. 2019. 168 p. Dissertação (Mestrado
em Filosofia) – Universidade Federal do ABC, São Paulo, 2019.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Inácio Manoel Neves Frade da Cruz, Ela, Frade
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado
- É responsabilidade dos autores a obtenção da permissão por escrito para usar em seus artigos materiais protegidos por lei de Direitos Autorais. A Revista PÓS não é responsável por quebras de direitos autorais feitas por seus colaboradores.