A cidade como suporte
o grafite no limiar entre a criminalização e a consagração
DOI:
https://doi.org/10.35699/2238-2046.2023.45484Palavras-chave:
arte urbana, grafite, criminalização, CURAResumo
O reconhecimento do grafite enquanto manifestação artística é recente e remonta aos conceitos de arte pública e arte urbana. Muitos são os desafios enfrentados por essa manifestação artística que se encontra no limiar da consagração e da infração, do público e do privado, da marginalização e da legitimação social e institucional. Refletindo sobre isso, este artigo apresenta como estudo de caso duas obras de grafite que foram objetos de ações judiciais controversas, Híbrida Ancestral – Guardiã Brasileira, da artista Criola, e Deus é mãe, do artista Robinho Santana, que integram o Circuito Urbano de Arte (CURA) de Belo Horizonte e são exemplos da complexidade social, política e jurídica que envolve o grafite no Brasil.
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