Do “espetáculo constrangedor” ao “rapa”
imprensa, naturalização da repressão e a construção da figura do camelô no imaginário carioca.
Resumo
A presença dos camelôs na cena urbana carioca é um tema historicamente cercado de tensões para os diversos estratos sociais. A análise do discurso historicamente produzido pelas classes políticas e pela força da imprensa nos permite enxergar quais são as problemáticas dos camelôs para esses setores. É a isto que este trabalho se propõe: identificar quais as problemáticas envolvidas nas tensões entre camelôs e poder público e de que forma a imprensa atua como importante agente modelador de normas sociais, imagem e comportamento ideais e, por fim, como legitimadora da própria repressão violenta cometida aos trabalhadores ambulantes. O camelô pode ser identificado como um problema de três ordens na maneira como é tratado pela imprensa: um problema de estética urbana, um problema de ordenamento público e um problema econômico. A resposta a isso é o gradativo aumento da repressão violenta a esse tipo de trabalhador, o ajuda a estigmatizar o camelô no imaginário social carioca e que pode também ser considerado como um "espasmo da escravidão", visto que esse tipo de controle social aos ambulantes é imposto desde a existência da Guarda Real e dos negros de ganho e quitandeiras.
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