Narrando mundos inexistentes:
sobre as dimensões do passado e da memória nas utopias de Thomas More (1516) e Francis Bacon (1627)
Resumo
O presente artigo se debruça sobre usos e reapropriações do passado e da memória em duas utopias literárias: a Utopia, de Thomas More (1516) e a Nova Atlântida, de Francis Bacon (1627). Para tanto, apresentaremos inicialmente algumas discussões a respeito do gênero literário utópico, com o intuito de elucidar melhor esta forma específica de representação e atentando para alguns de seus aspectos definidores que nos serão relevantes. Em seguida, recorreremos a elementos estruturantes das utopias literárias, relacionando-as com aspectos das narrativas em questão, para que possamos explorar, respectivamente: suas relações com a historicidade; a atenção prestada por esses autores aos usos do passado nas narrativas fundacionais que dão sustentação a essas sociedades idealizadas; e, por fim, as práticas de memória às quais fazem alusão. Para além das concepções stricto sensu sobre memória e passado, interessa buscar entender como os autores tangenciam, nas entrelinhas de suas narrativas, uma série de referenciais concernentes aos temas aqui elaborados.
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Copyright (c) 2021 Ana Luisa Ennes Murta
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