Saber navegar é preciso
remeiros e pilotos indígenas na Viagem Filosófica pela Amazônia (1783-1792)
Resumo
Objetiva-se abordar a atuação de remeiros e pilotos indígenas na documentação legada da Viagem Filosófica de Alexandre Rodrigues Ferreira pela Amazônia portuguesa (1783-1792). Embora seja muito estudado o acervo do naturalista, considera-se ser necessário aprofundar as análises acerca das presenças ativas dos colaboradores locais, em especial dos povos indígenas, no cotidiano da expedição. Em contato com o letrado em campo, remeiros e pilotos indígenas colocavam seus saberes, habilidades e técnicas em uso e, consequentemente, em circulação. O argumento central mobilizado é que os sujeitos responsáveis por remar e pilotar as embarcações não eram somente a mão de obra disponível localmente, mas dominavam conhecimentos especializados sobre os rios que não podiam ser dispensados pelo viajante. Tinham ainda lógicas próprias de organização do trabalho, as quais eram mantidas mesmo diante da situação de controle. Se não era viável iniciar a viagem sem recorrer aos conhecimentos e trabalhos indígenas, também não foi possível silenciar os seus protagonismos nas fontes.
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