A apropriação da escola italiana de antropologia criminal na obra de Nina Rodrigues: ativismo por uma nova sensibilidade sobre crime e raça (1894-1906)

Autores

Palavras-chave:

Antropologia Criminal, Raças Humanas, Crime

Resumo

Análise da apropriação de conceitos da escola italiana de criminologia na obra de Nina Rodrigues (1862-1906), intelectual brasileiro da antropologia criminal, polêmico por discussões sobre responsabilidade penal e raças humanas e que defendia diferenciação para as indígenas e negros, dentre outros estudos. Se busca entender os contextos dos autores a partir dos processos históricos e, para tanto, emprega-se o método da História das Ciências e das Sensibilidades. No contexto de Lombroso, Ferri e Garófalo, escrevem em uma Itália recém-unificada, de grande diversidade étnica, buscando uma homogeneização nacional para atender aos interesses dos industriais nortistas. Rodrigues, por sua vez, escreve logo após a abolição da escravatura, quando a igualdade formal entre raças humanas não condizia com o pensamento da elite dominante pelo medo dos libertos, sendo que as teorias eugênicas serviram para legitimar a segregação. O ativismo dele é realizado no momento em que a ciência busca afirmação para proposta de políticas públicas e, internamente na comunidade científica, juristas e médicos buscavam o seu protagonismo.

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Biografia do Autor

Rodrigo Mello Campos, Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná (UNICENTRO)

Advogado em Pato Branco-PR, graduado em Direito pela Faculdade Mater Dei (2012). Graduando do curso de Licenciatura em História na Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná (Unicentro) - Campus Avançado Coronel Vivida. Pesquisador em iniciação científica sobre o contexto e as sensibilidades provocadas pelo ativismo na obra de intelectuais do final do século XIX e início do XX. Possui interesse em História das Ciências e Sensibilidades humanas, bem como debates entre História, Direito e Criminologia. 

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Publicado

2018-09-28