Notas sobre colonialidade e violência nas obras de Pierre Clastres e Walter Mignolo

Autores

  • Cairo de Souza Barbosa Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)

Resumo

A ideia do presente texto é discutir como Pierre Clastres e Walter Mignolo caracterizam a violência simbólica da colonialidade moderna a partir das noções de etnocídio e epistemicídio. Entendidos como dispositivos de controle do corpo e dos saberes nos processos de colonização, especialmente no caso da América Latina, veremos como os dois conceitos contribuem para a compreensão da experiência que, ao longo dos séculos de “processo civilizador”, serviu como alicerce fundamental à propagação de uma violência que, naturalmente, é física, mas também simbólica, capaz de garantir o controle de expressões culturais diversas e a dominação e submissão das cosmovisões ameríndias e afro-diaspóricas à epistemologia canônica ocidental.

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Biografia do Autor

Cairo de Souza Barbosa, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)

Formado em História (Bacharelado e Licenciatura) pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) em 2016. Mestrando no programa de pós-graduação em História Social da Cultura da PUC-Rio. Tem interesse nas áreas de Teoria da História, História Intelectual e História da América, atuando sobretudo nos seguintes temas: modernidade, tradição, ensaio e tempo histórico. Atualmente pesquisa a obra do crítico literário Antonio Candido de Mello e Souza, especialmente os escritos sobre literatura latino-americana. É membro da Comunidade de Estudos de Teoria da História da UERJ (COMUM) e professor do Centro de Estudos e Pesquisas Educacionais (CEPE).

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Publicado

2020-01-31