Um grandioso inimigo: discursos médicos sobre o câncer em São Paulo no alvorecer do século XX

Autores/as

  • Elder Al Kondari Messora

Palabras clave:

medicina bandeirante, câncer, práticas médicas de saúde

Resumen

Uma preocupação sistemática com o câncer no Brasil começou a se desenhar no início do século XX. Tanto São Paulo quanto o Rio de Janeiro foram os primeiros Estados que se mobilizaram para enfrentar essa doença. O médico Alcindo de Azevedo Sodré, em 1904, publicava no periódico nacional Brazil Médico relatando as dificuldades de se conseguir dados epidemiológicos sobre o câncer, enquanto o médico paulista Arnaldo Viera de Carvalho, no mesmo ano, dissertava sobre as definições das formações cancerosas. Iniciava-se, desse modo, um processo de construção de conhecimentos médicos em torno dos neoplasmos que, por desconhecerem sua etiologia, voltavam-se para suas raízes históricas, legitimando práticas específicas e convocando as atenções governamentais para se combater o mal. Frente a isso, o presente artigo tem por finalidade um estudo histórico sobre essa doença com o objetivo de compreender como os discursos elaborados por médicos e pesquisadores colaboraram para a instituição do combate ao câncer no alvorecer do século XX em São Paulo, entre 1892 e 1935, período em que a medicina brasileira conseguiu firma-se legal e formalmente como o único saber plenamente capaz de compreender as doenças e os doentes, bem como intervir positivamente nas questões relativas à saúde do indivíduo e da população. Esse período também demarca o momento em que o câncer emergiria como uma questão de Saúde Pública para o Estado de São Paulo. Para esse estudo foram levantadas fontes primárias que compreendem anuários boletins médicos, imprensa jornalística, teses doutorais e anais de medicina.

ABSTRACT: A systematic concern about cancer in Brazil started at the beginning of the Twentieth Century. Both São Paulo and Rio de Janeiro were the first states mobilized to confront this disease. The doctor Alcindo de Azevedo Sodre, in 1904, published in the national journal Brazil Médico reporting the difficulties of getting epidemiological data about cancer. At the same year, in Sao Paulo, doctor Arnaldo Vieira de Carvalho, lectured about the definitions of cancer formations. Those facts were the inception of the construction of medical knowledge surrounding the cancer, for not knowing its etiology, turned-to its historical roots, legitimizing specific practices and calling government attention to fight the evil. Front of this, this project aims at a historical study of this disease in order to understand how the discourses prepared by doctors and researchers contributed to the institution of the fight against cancer at the dawn of the twentieth century in São Paulo, between 1892 and 1935, during which brazilian medicine settled legally and formally as the only fully know capable of understanding the disease and the patients, as intervene positively on issues relative to the health of individuals and populations. This period also marks the time when the cancer would emerge as a matter of Public Health for the State of São Paulo. The primary sources for this study will be comprised of statistical yearbooks, doctors newsletters, journalistic press, doctoral thesis and medical annals.

KEYWORDS: Bandeirante medicine; cancer; medical practices of health

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Publicado

2016-05-30