Limpar a honra e desvanecer a fama: Candidatos rejeitados pela Inquisição por serem cristãos-novos ou terem fama de sê-los
Palabras clave:
Mobilidade Social, Candidatos rejeitados pelo Santo Ofício, cristãos-novos.Resumen
As habilitações aos cargos do tribunal do Santo Ofício representaram um valioso elemento nos estratagemas de distinção e reconhecimento público na sociedade portuguesa ao longo do Antigo Regime, seja no reino ou em suas possessões ultramarinas. Para um pleiteante, se candidatar a um posto do corpo de funcionários da Inquisição significava ter seu passado devassado por um apurado e exigente processo de investigação sobre ascendência, procedimento e capacidade. Ser aprovado nestas provanças era, então, um importante impulso para a ascensão social. No entanto, nem todos que almejaram esta vantagem alcançaram êxito em suas petições. Entre os grupos sociais mais rejeitados, estavam os que tinham sangue cristão-novo, ou a simples fama pública de terem antepassados desta condição. O presente trabalho busca analisar as dimensões conflituosas do embate entre o tribunal do Santo Ofício, uma das mais influentes instituições disciplinadoras da sociedade portuguesa do Antigo Regime, e os descendentes de judeus forçosamente convertidos, estigmatizados pelos estatutos de limpeza de sangue que vigoraram ao longo da modernidade portuguesa, a partir dos processos de habilitação que tramitaram entre 1660 e 1755 e terminaram sem parecer favorável.
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