Atribuições e realizações do primeiro Posto Antiofídico do Brasil: 1918-1936

Autores

  • Isabela Gomes da Silva Funed
  • Giselle Agostini Cotta Funed

Resumo

A partir da descoberta da especificidade dos soros antiofídicos tornou-se imprescindível a oferta da soroterapia específica para tratamento de acidentes por animais peçonhentos. Como parte de um plano nacional, o primeiro Posto Antiofídico foi implantado em Belo Horizonte - Minas Gerais, vinculado à filial do Instituto Oswaldo Cruz, atual Fundação Ezequiel Dias (Funed), para fornecer veneno aos institutos produtores de soro. Este estudo analisou suas atribuições e realizações entre 1918 e 1936, com base em relatórios anuais de funcionamento disponíveis no acervo histórico da Funed. O posto se baseou no Sistema de Permuta criado por Vital Brazil, onde a população trocava serpentes por soro gratuito. Suas atividades incluíam distribuição de laços de Lutz, caixas de captura e seringas. Também promovia visitas públicas e expedições científicas, ampliando a divulgação e a capacitação social. Estudos pioneiros sobre serpentes, escorpiões e curas populares foram realizados. O sucesso no reconhecimento de serpentes de interesse médico pela população através da Ciência Cidadã potencializou o alcance e efetividade do movimento antiofídico.

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Biografia do Autor

  • Isabela Gomes da Silva, Funed

     http://lattes.cnpq.br/7264372854899013

  • Giselle Agostini Cotta, Funed

     http://lattes.cnpq.br/2740564444361363

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Publicado

28-07-2025

Como Citar

GOMES, Isabela; COTTA, Giselle. Atribuições e realizações do primeiro Posto Antiofídico do Brasil: 1918-1936. Temporalidades, Belo Horizonte, v. 17, n. 1, p. 1–25, 2025. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/temporalidades/article/view/58374. Acesso em: 24 dez. 2025.