Olhares sobre a linguagem em redes sociais e suas interfaces com a educação crítica e pluralista / Overlooking language in social networwoks and its connections with a plural and critical education

Autores

  • Eliane Fernandes Azzari Universidade Estadual de Campinas (membro do grupo de pesquisas E-lang e doutoranda do Programa de Linguística Aplicada do IEL) e Pontifícia Universidade Católica de Campinas (Professora do quadro efetivo e Integradora Acadêmica da Graduação da Faculdade de Letras).
  • Rosineide de Melo Centro Universitário Fundação Santo André - professora da graduação e assessora da reitoria; Coordenadora da Comissão de Vestibular 2016.

DOI:

https://doi.org/10.17851/1983-3652.9.2.94-113

Palavras-chave:

tecnologias digitais, redes sociais, educação linguística crítica, arquitetônica, translinguismo.

Resumo

RESUMO: A mobilidade tecnológico-digital tem possibilitado a ressignificação de práticas sociais que, deslocadas para tempos-espaços outros, trazem à tona uma diversidade de suportes e gêneros – geralmente híbridos em sua natureza. O objetivo deste artigo é analisar duas postagens de redes sociais públicas sustentadas pelo Facebook, a fim de estabelecer possíveis diálogos entre os conceitos de cronotopo e arquitetônica (como eixo articulador de enunciados). Adota-se como metodologia a análise dialógica de discursos com base nas teorizações propostas por Bakhtin (1981b; 1998[1975], 2006[1929]), aportadas por uma visão pluralista e translíngue das linguagens visibilizadas nos dados, e propõe-se cogitar sua interface com a educação linguística crítica. A partir de Recuero (2009), entende-se que as redes sociais se configuram como “metáfora” das relações estabelecidas por seus participantes, sendo o Facebook um dos sistemas que apoiam essas redes. Conclui-se que, para estabelecer suas conexões, os participantes das redes sociais lançam mão da multimodalidade e multissemioticidade ao construir, curtir e compartilhar textos/enunciados permeados pela pluralidade cultural, refletindo-a e refratando-a. Por conseguinte, observa-se que os letramentos contemporâneos são constituintes de e constituídos por essas práticas, manifestando diferentes e múltiplos letramentos, (inter)conectados por hiperinterações, configurando um novo ethos. Os interlocutores observados se permitem (re)produzir e circular textos/enunciados, engajando-se discursivamente para construir sentidos compartilhados contextualmente e apontando, por vezes, para o translinguismo e suas manifestações.

PALAVRAS-CHAVE: tecnologias digitais; redes sociais; educação linguística crítica; arquitetônica; translinguismo.

 

ABSTRACT:The digital-technologic mobility has resignified social practices which – being re-located to other time-space frames – bring about a myriad of apparatus and genres, usually hybrid in its birth. The objective of this paper is to analyze two posts published in public social networks supported by Facebook, aiming at establishing possible dialogues between the concepts of chronotope and architectonic (as an articulating axis of utterances). We take as methodology a dialogic discourse analysis, based on Bakhtin´s proposed ideas (1981b; 1998[1975], 2006 [1929]). A plural and translingual approach to the languages which outcome from data sustains the analysis which questions its overlapping with critical language education. Recuero (2009) views of social media networks fundaments the understanding that they might be taken as a “metaphor” for the relationships established among their participants and assumes that Facebook takes a role of a system which supports those relations. In order to establish connections, social media participants resort to multimodality and multissemiosis as they construct, “like” and share texts/utterances that are permeated by cultural plurality, both refracting and reflecting it. Thus, contemporary literacies are constituted by as well as they constitute (themselves) those practices, within multiple and diverse literacies which are interconnected by hypertextual interactions, generating a new ethos. Those interlocutors allow themselves to (re) produce and circulate texts, engaging discursively to construct contextually shared meanings and sometimes pointing to translingualism and its manifestations.

KEYWORDS: digital Technologies; social media; critical linguistic education; architectonic; translingualism.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Eliane Fernandes Azzari, Universidade Estadual de Campinas (membro do grupo de pesquisas E-lang e doutoranda do Programa de Linguística Aplicada do IEL) e Pontifícia Universidade Católica de Campinas (Professora do quadro efetivo e Integradora Acadêmica da Graduação da Faculdade de Letras).

Professora dos Cursos de Graduação Português/Inglês e Integradora Acadêmica da Graduação da Faculdade de Letras da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC- Campinas). Doutoranda em Linguística Aplicada pelo Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp, Mestra em Linguística Aplicada pelo IEL/Unicamp e Graduada em Letras com Habilitação em Língua e Literatura Inglesas (Magistério) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC - SP). Possui habilitação profissional plena em Tradutor e Intérprete. Tem especial interesse em pesquisas sobre ensino e aprendizagem de línguas e literaturas de língua inglesa; políticas públicas para o ensino de língua estrangeira; formação de professores e tradutores; tecnologias digitais e o ensino de línguas / tradução; educação crítica e a análise e o desenvolvimento de materiais didáticos impressos e digitais.

Rosineide de Melo, Centro Universitário Fundação Santo André - professora da graduação e assessora da reitoria; Coordenadora da Comissão de Vestibular 2016.

Pós-doutorado em Linguística Aplicada pelo Instituto de Estudos da Linguagem - IEL, Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP (2014). Doutorado (2006) e Mestrado (2001) em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem pelo Programa de Pós-graduação em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem - LAEL, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Pós-graduação em Metodologia do Ensino Superior pelo Centro de Pós-Graduação da Fundação Santo André (1995) e em Psicologia Organizacional pelo Instituto Metodista de Ensino Superior (1991). Graduação em Letras, Licenciatura Português/ Inglês pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Fundação Santo André (1989). Experiência docente em cursos de graduação e pós-graduação, ministrando disciplinas de Linguística, Língua Portuguesa e Comunicação. Professora de Ensino Fundamental. Professora do Centro Universitário Fundação Santo André e da Il Sole. Desenvolve pesquisa na área de Linguística Aplicada, enfocando a teoria/análise dialógica do discurso, com temas relacionados a: linguagem, gêneros do discurso e multiletramentos.

Referências

AMORIM, M. Cronotopo e Exotopia. In: BRAIT, B. (Org.). Bakhtin: Outros Conceitos Chaves. São Paulo: Contexto, 2012[2006], p. 95-114.

ANDROUTSOPOULOS, J; JUFFERMANS, K. Digital language practices in superdiversity: Introduction – editorial. Discourse, Context and Media, Elsevier, v. 6, p. 1-6, dec. 2014. Disponível em: http://www.sciencedirect.com/science/journal/22116958. Acesso em: 08 fev. 2014.

BAKHTIN, M. Forms of time and of the chronotope in the novel:notes toward a historical poetics. In: BAKHTIN, M. The dialogic imagination. Tradução de Caryl Emerson and Michael Holquist. Austin: University of Texas Press, 1981a, p. 84-258.

BAKHTIN, M. Epic and novel: Toward a Methodology for the study of the novel. In: BAKHTIN, M. The dialogic imagination. Trad. Caryl Emerson and Michael Holquist. Austin: University of Texas Press, 1981b, p. 03-40.

BAKHTIN, M. The problem of speech genres. In: EMERSON, C.; HOLQUIST, M. (Eds.). Speech genres and other late essays. Trans. V. W. Mcgee. Austin: University of Texas Press, 1986, p. 60-102.

BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. Tradução de Maria Ermantina Galvão G. Pereira. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1997[1979].

BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. Tradução de Paulo Bezerra. 4 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003[1979].

BAKHTIN, M. Para uma filosofia do ato responsável. Tradução de Valdemir Miotello. Carlos Alberto Faraco. São Carlos: Pedro & João Editores, 2010[1920-24].

BAKHTIN, M. Metodologia das Ciências Humanas. In: BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. 6 ed. Tradução de Paulo Bezerra, São Paulo: Martins Fontes, 2011, p. 393-410.

BAKHTIN, M. Questões de literatura e de estética. A teoria do romance. Tradução de Aurora Fornoni et al., 4 ed. São Paulo: UNESP, 1998[1975].

BAKHTIN, M./VOLOCHÍNOV, V. N. Marxismo e filosofia da linguagem. 12. ed. São Paulo: Hucitec, 2006 [1929].

BAUMAN, Z. Modernidade líquida. Tradução de Plínio Dentzien. Rio de Janeiro: Zahar, 2001. Disponível em: https://onedrive.live.com/view.aspx?resid=71B7E7833E24C047!614&ithint=file%2C.pdf&app=WordPdf&authkey=!AMCsFRTcqsMZZBk. Acesso em: 16 set. 2015.

BENVENISTE, E. Problemas de linguística geral II. Tradução de Eduardo Guimarães et al. Campinas: Pontes, 1989.

BRAIT, B. Análise e teoria do discurso. In: BRAIT, B. (Org.). Bakhtin: outros conceitoschave. São Paulo: Contexto, 2006, p. 9-32.

BRAIT, B. MELO, R. Enunciado/enunciado concreto/enunciação. In: BRAIT, B. (Org.). Bakhtin: conceitos-chave. São Paulo: Contexto, 2005, p. 61-78. CANAGARAJAH, S. Translingual Practice – Global Englishes and Cosmopolitan Relations. New York: Routledge, 2013.

CHARLOT, B. A mistificação pedagógica – realidades sociais e processos ideológicos na teoria da educação. Tradução de Maria José do Amaral Ferreira. São Paulo: Cortez, 2013 [2003].

GALLARDO, B. C. Letramentos digitais e aprendizagem de língua inglesa nas redes sociais virtuais. In: RIBEIRO, A. E. et al (Orgs.). Linguagem, Tecnologia e Educação. São Paulo: Petrópolis, 2010, p. 291-302.

GEE, J. P. Literacy and Education. New York: Routledge, 2015 [e-book version].

GEE, J. P. Good video games + good learning: Collected essays on video games, learning and literacy. New York: Peter Lang, 2007.

HEYLIGH. F. Evolution of Memes on the Network: from chain-letters to global brain. S/d. Disponível em: http://pespmc1.vub.ac.be/Papers/Memesis.html. Acesso em: 07 fev. 2015.

LANKSHEAR, C.; KNOBEL, M. Sampling “the New” in New Literacies. In: LANKSHEAR, C.; KNOBEL, M. (Orgs.). A New Literacies Sampler: New Literacies and Digital Epistemologies. New York: Peter Lagn, 2007, p. 1-25.

LANKSHEAR, C.; KNOBEL, M. (Orgs.). A new literacies sampler. NY: Peter Lang, 2007.

LANKSHEAR, C.; KNOBEL, M. (Orgs.). Digital literacies – Concepts, policies and practices. New York: Peter Lang, 2008.

LEMKE, J. L. Letramento metamidiático: transformando significados e mídias. Revista Trabalhos em Linguística Aplicada, 49(2), p. 455-479, 2010. Tradução de Carla Dornelles. Campinas, SP: IEL/UNICAMP.

LUKE, A. Defining Critical Literacy. In: PANDYA, J. Z.; ÁVILA, J. (Eds.). Moving Critical Literacies forward. New York: Routledge, 2014, p. 19-31.

MEDVIÉDEV, P. N.; BAKHTIN, M. O método formal nos estudos literários: Introdução crítica a uma poética sociológica. Tradução de Sheila Grillo. Ekaterina Vólkova Américo. São Paulo: Contexto, 2012[1928].

MITTMANN, S. Movimentos sociais no ciberespaço: o cruzamento de duas ordens discursivas. In: RIBEIRO, A. E. et al (Orgs.). Linguagem, Tecnologia e Educação. São Paulo: Petrópolis, 2010, p. 91-102.

MOITA-LOPES, L. P. (Ed.) Global Portuguese – Linguistic Ideologies in Late Modernity. New York: Routledge, 2015. [e-book]

MONTE MÓR, W. Crítica e Letramentos Críticos: Reflexões Preliminares. In: ROCHA, C. H.; MACIEL, R. F. Língua estrangeira e formação cidadã: por entre discursos e práticas. Campinas: Pontes, 2013, p. 31-50.

PENNYCOOK, A. Language as local practice. London and New York: Routledge, 2010.

RAJAGOPALAN, K. Política linguística: do que é que se trata, afinal?. In: NICOLAIDES et al. (Orgs.). Política e políticas linguísticas, Capinas: Pontes, 2013, p. 19-42. RECUERO, R. Redes Sociais na Internet, Difusão de Informação e Jornalismo: Elementos para discussão. In: SOSTER, D. de A.; FIRMINO, F. (Org.). Metamorfoses jornalísticas 2: a reconfiguração da forma. Santa Cruz do Sul: UNISC, 2009, v. 1, p. 1-269.

RIBEIRO, A. E. et al. (Orgs.). Linguagem, Tecnologia e Educação, São Paulo: Petrópolis, 2010, p. 91-102.

ROJO, R. H. R. Práticas de ensino em língua materna: interação em sala de aula ou aula como cadeia enunciativa? In: KLEIMAN, A. B.; CAVALCANTI, M. C. (Orgs.). Linguística Aplicada: suas faces e interfaces. Campinas, Mercado de Letras, 2007, p. 339-360. ROJO, R. H. R. Gêneros discursivos do Círculo de Bakhtin e multiletramentos. In: ROJO, R. (Org.). Escol@ conectada: Os multiletramentos e as TICs. São Paulo: Parábola Editorial, 2013, p. 13-36 (Estratégias de ensino; 40).

ROJO, R. H. R. (Org.). Apresentação. In: Escol@ Conectada: Os Multiletramentos e as TICs. 1ª reimpressão. São Paulo: Parábola, 2014[2013].

SANTAELLA, L. Linguagens líquidas na era da mobilidade. 2ª ed. São Paulo: Paulus, 2011[2007].

SANTAELLA, L. Comunicação Ubiqua. São Paulo: Paulus, 2013.

SELWYN, N. Distrusting educational technology – critical questions for changing times. New York: Routledge, 2014.

SHIELDS, C. M. Bakhtin. New York: Peter Lang, 2007.

VOLOCHINOV, V. N. Discourse in life and discourse in art – Concerning sociological poetics. In: VOLOCHINOV, V. N. Freudism: a marxist critique. Tradução do russo I. R. Titunik. New York: Academic Press, 1976[1926], s/p.

Downloads

Publicado

09-12-2016

Como Citar

AZZARI, E. F.; MELO, R. de. Olhares sobre a linguagem em redes sociais e suas interfaces com a educação crítica e pluralista / Overlooking language in social networwoks and its connections with a plural and critical education. Texto Livre, Belo Horizonte-MG, v. 9, n. 2, p. 94–113, 2016. DOI: 10.17851/1983-3652.9.2.94-113. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/textolivre/article/view/16729. Acesso em: 28 mar. 2024.

Edição

Seção

Linguística e Tecnologia