O noturno do tempo em Cicatrices de Juan José Saer
DOI:
https://doi.org/10.17851/2317-2096.25.1.113-128Palavras-chave:
tempo, experiência, perspectiva, jogo, representaçãoResumo
Juan José Saer projeta uma nova perspectiva narrativa a partir da publicação de Cicatrices (1969), em que o essencial é o trabalho meticuloso com a estrutura do romance. Esse debate se consolida no distanciamento da perspectiva, na propagação de uma relação mais objetiva com o mundo. Em Cicatrices pensa-se em prioridade as estruturas do tempo: as personagens debatem-se contra a sucessão temporal e, dessa forma, lançam-se à margem da própria vivência. O tempo atordoa os sentidos impossibilitando que a personagem tenha uma experiência completa o caminho de saída se torna uma relação diferenciada com o mundo. O romance apresenta, assim, quatro vozes que de maneira distinta rivalizam com a diacronia do tempo: o primeiro narrador lança mão da representação, o segundo do jogo, o terceiro da tradução e o último discute a liberdade do homem ou a possibilidade de vencer o destino. Essas ações das personagens são gesticuladas mediante um confronto direto com o tempo e, dessa forma, acentua o seu lugar de eversor da própria experiência.
Downloads
Referências
ARCE, Rafael. El ciclo de novelas sobre el tiempo: Saer y Robbe-Grillet. In: LOGIE, Ilse (Coord.). Juan José Saer: La construcción de una obra. Sevilla: Universidad de Sevilla, 2013. p. 89-105. (Colección Escritores del cono sur 6).
BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. Tradução de Maria Ermantina Galvão Gomes Pereira. São Paulo: Martins Fontes, 1992.
ISER, Wolfgang. O jogo do texto. In: LIMA, Luiz Costa (Coord. Trad.). A literatura e o leitor: textos de estética da recepção Hans Robert Jauss... et al. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002. p. 105-118.
KANT, Immanuel. Crítica da faculdade do juízo. Tradução de Valerio Rohden e António Marques. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1993.
KANT, Immanuel. Estética transcendental. In: KANT, Immanuel. Crítica da razão pura. Tradução e notas de Fernando Costa Mattos. Petrópolis: Vozes; Bragança Paulista, SP: Editora Universitária São Francisco, 2012.
LOGIE, Ilse (Coord.). Juan José Saer: La construcción de una obra. Sevilla: Universidad de Sevilla, 2013. p. 11-37. (Colección Escritores del cono sur 6).
MERLEAU-PONTY, Maurice. O visível e o invisível. 3. ed. São Paulo: Editora Perspectiva, 1992.
MERLEAU-PONTY, Maurice. Fenomenologia da percepção. Tradução de Carlos Alberto Ribeiro de Moura. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
SAER, Juan José. Nadie nada nunca. Buenos Aires: Seix Barral, 1995.
SAER, Juan José. El concepto de ficción. Buenos Aires: Espasa Calpe, 1997.
SAER, Juan José. La narración-objeto. Buenos Aires: Seix Barral, 1999.
SAER, Juan José. La mayor. Buenos Aires: Seix Barral, 2001.
SAER, Juan José. El limonero real. Buenos Aires: Seix Barral, 2002.
SAER, Juan José. Cicatrices. Buenos Aires: Seix Barral 2003.
SCAVINO, Dardo. Saer y los nombres. Buenos Aires: El Cielo por Asalto, 2004.
ZIELINSKI, Agata. La notion de «transcendance» dans Le visible et l’invisible: de l’indetermination au désir. In: SAINT AUBERT, Emmanuel de (Dir.). Maurice Merleau-Ponty. Hermann Éditeurs: Paris, 2008. p. 217-249. [Avec un texte inédit de Maurice Merleau-Ponty: La nature ou le monde du silence].
Downloads
Arquivos adicionais
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2015 Raquel Alves Mota (Autor)
![Creative Commons License](http://i.creativecommons.org/l/by/4.0/88x31.png)
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja The Effect of Open Access).