Heranças da escrita desde a condição feminina: notas sobre pintura e literatura
DOI:
https://doi.org/10.17851/2317-2096.29.3.283-304Palavras-chave:
escrita, pintura, feminino, Julia KristevaResumo
Na intenção de problematizar os efeitos do primado do falo em nossa cultura escrita, propõe-se um retorno a heranças soterradas pela hegemonia falocrática. Nesse sentido, a alternativa sugerida contra o rebaixamento da escrita produzida pelas mulheres encontra no pensamento de Julia Kristeva um caminho a ser percorrido pela teoria da literatura. A proposta sustenta-se no retorno a algumas referências pictóricas ocidentais que participam de diferentes obras dessa pensadora. No cruzamento da pintura e literatura, encontra-se em Polylogue a recuperação da leitura de Giotto por Matisse e reflexões acerca da cor. Em Possessões, nota-se que o debate se mantém a partir das reflexões em torno de Artemísia Gentileschi e de Georgia O’Keeffe. No volume O ódio e o perdão, as cartas o’keeffianas aprofundam a relação entre sua pintura e possíveis transformações sintáticas. Trata-se, portanto, de localizar, ao longo da obra de Kristeva, argumentos que produzam abertura a escritas por vir.
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