Heranças da escrita desde a condição feminina: notas sobre pintura e literatura

Autores

  • Luciana Abreu Jardim Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

DOI:

https://doi.org/10.17851/2317-2096.29.3.283-304

Palavras-chave:

escrita, pintura, feminino, Julia Kristeva

Resumo

Na intenção de problematizar os efeitos do primado do falo em nossa cultura escrita, propõe-se um retorno a heranças soterradas pela hegemonia falocrática. Nesse sentido, a alternativa sugerida contra o rebaixamento da escrita produzida pelas mulheres encontra no pensamento de Julia Kristeva um caminho a ser percorrido pela teoria da literatura. A proposta sustenta-se no retorno a algumas referências pictóricas ocidentais que participam de diferentes obras dessa pensadora. No cruzamento da pintura e literatura, encontra-se em Polylogue a recuperação da leitura de Giotto por Matisse e reflexões acerca da cor. Em Possessões, nota-se que o debate se mantém a partir das reflexões em torno de Artemísia Gentileschi e de Georgia O’Keeffe. No volume O ódio e o perdão, as cartas o’keeffianas aprofundam a relação entre sua pintura e possíveis transformações sintáticas. Trata-se, portanto, de localizar, ao longo da obra de Kristeva, argumentos que produzam abertura a escritas por vir.

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Biografia do Autor

Luciana Abreu Jardim, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

Doutora em Letras pela PUCRS. Pós-doutora em Letras pela FURG (PNPD/Capes) e Pós-doutora na UFRGS.

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Publicado

2019-09-30

Como Citar

Jardim, L. A. (2019). Heranças da escrita desde a condição feminina: notas sobre pintura e literatura. Aletria: Revista De Estudos De Literatura, 29(3), 283–304. https://doi.org/10.17851/2317-2096.29.3.283-304

Edição

Seção

Dossiê – Teoria e Crítica Literária no Tempo Presente