A tempestade desde o fundo do tinteiro, com Victor Hugo e Stéphane Mallarmé
DOI:
https://doi.org/10.35699/2317-2096.2024.51587Palavras-chave:
poesia francesa, crise, Victor Hugo, Stéphanne MallarméResumo
No poema “Réponse à un acte d’accusation” (1856), Victor Hugo sintetizou seus princípios poéticos com a imagem de uma ventania soprada a partir de “uma tempestade no fundo do tinteiro” sobre a tradição das formas fixas e da retórica clássicas e sobre o estado da língua francesa em geral, dividida, segundo ele, por uma perspectiva conservadora e de classe. Nosso objetivo aqui é retornar a essa “rítmica” da pena de Hugo, como a descreve Georges Didi-Huberman, e comentá-la a partir de uma outra “tempestade” produzida pela poesia, aquela, talvez menos romântica, ou mais serena, de Mallarmé, para quem a escrita deve abandonar o “tinteiro sem noite” para permitir que seus leitores reencontrem e reconheçam em si mesmos sua parte de “trevas”. O ensaio visa, enfim, a mostrar em que medida os dois poetas franceses contribuem decisivamente para a dessegregação definitiva entre prosa e poesia, entre gesto poético e gesto revolucionário.
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