Da rasura do trágico à possibilidade da tragédia
uma revisão das hipóteses de Eduardo Lourenço sobre a tragédia à brasileira
DOI:
https://doi.org/10.35699/2317-2096.2025.58571Palavras-chave:
trágico, tragédia, trauma, sublime, Eduardo LourençoResumo
O artigo tem como intenção problematizar a caracterização da literatura brasileira como “rasura do trágico” por Eduardo Lourenço. Para tanto, o artigo é dividido em três partes, correspondentes a três objetivos: na primeira, visa-se a apresentar o conceito de “rasura do trágico” em Lourenço, demonstrando suas bases psicanalíticas; na segunda, objetiva-se a repensar o conceito de “trágico” em Lourenço, ressaltando suas semelhanças com o conceito de “real” lacaniano; por fim, na terceira parte, propomos uma interpretação do trágico à brasileira com base em alguns pressupostos da Poética de Aristóteles. Concluímos assim que, se a literatura brasileira pode ser entendida como “rasura do trágico”, é apenas no sentido de que nossos modos de representar a catástrofe resistem ao registro sublime e a uma estética que valoriza o silêncio traumático.
Downloads
Referências
ARISTÓTELES. Poética. Tradução de Ana Maria Valente. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2008.
ARISTÓTELES. Poética. Tradução de Paulo Pinheiro. São Paulo: Editora 34, 2015.
BANDEIRA, Manuel. Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993.
BENJAMIN, Walter. Experiência e pobreza. In: BENJAMIN, Walter. O anjo da história. Tradução de João Barrento. Belo Horizonte: Autêntica, 2012. p. 83-90.
BENJAMIN, Walter. Origem do drama trágico alemão. Tradução de João Barrento. Belo Horizonte: Autêntica, 2011.
FASSIN, Didier; RECHTMAN, Richard. The Empire of Trauma: an Inquiry into the Condition of Victimhood. Tradução de Rachel Gomme. Princeton University Press: Princeton, 2009.
FOSTER, Hal. O retorno do real: a vanguarda no final do século XX. Tradução de Célia Euvaldo. São Paulo: Ubu, 2017.
FOUCAULT, Michel. História da loucura na idade clássica. Tradução de José Teixeira Coelho. São Paulo: Perspectiva, 2019.
FOUCAULT, Michel. Préface (Folie e Déraison). In: FOUCAULT, Michel. Dits et Écrits I. Paris: Gallimard, 1994. p. 159-167.
FREUD, Sigmund. Obras completas v.7: o chiste e sua relação com o inconsciente (1905). Tradução de Fernando Costa Mattos e Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2017.
HILST, Hilda. Da prosa. v. 1. São Paulo: Companhia das Letras, 2018.
KANT, Immanuel. Crítica da faculdade de julgar. Tradução de Fernando Costa Mattos. Petrópolis, RJ: Vozes; Bragança Paulista, SP: Editora Universitária São Francisco, 2016.
LOURENÇO, Eduardo. Da literatura brasileira como rasura do trágico. In: LOURENÇO, Eduardo. A nau de Ícaro e imagem e miragem da lusofonia. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. p. 197-206.
LOURENÇO, Eduardo. Do colonialismo como nosso impensado. Belo Horizonte, MG: Autêntica Editora, 2025.
LOURENÇO, Eduardo. Do trágico e da tragédia. In: LOURENÇO, Eduardo. O canto do signo: existência e literatura. Lisboa: Editorial Presença, 1994. p. 28-32.
LOURENÇO, Eduardo. O labirinto da saudade. Rio de Janeiro: Tinta-da-China Brasil, 2016.
MACHADO, Roberto. O nascimento do trágico: de Schiller a Nietzsche. Rio de Janeiro: Zahar, 2012. E-book.
MENDES, Cleise Furtado. A gargalhada de Ulisses: a catarse na comédia. São Paulo: Perspectiva, 2008.
NIETZSCHE, Friedrich. O nascimento da tragédia. Tradução de Paulo César de Souza. Rio de Janeiro: Companhia das Letras, 2007.
PINEZI, Gabriel Victor Rocha. Estética e ontologia em História da loucura. Revista Criação & Crítica, São Paulo, Brasil, n. 13, p. 113-126, 2014.
PINEZI, Gabriel; PAVINI, Renan. Imagens para além da linguagem?: o anacronismo da hipótese foucaultiana de uma “ruína do simbolismo gótico” em História da Loucura. Fórum Linguístico, Florianópolis-SC, v. 16, p. 3917-3925, 2019.
RODRIGUES, Nelson. Vestido de noiva. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2019.
ROUDINESCO, Elisabeth; PLON, Michel. Dicionário de psicanálise. Tradução de Vera Ribeiro e Lucy Magalhães. Rio de Janeiro: Zahar, 1998.
SÁ, André Corrêa de. Ecofagias I. Portugal. Lisboa: Gradiva, 2023.
SCHOLEM, Gershom. Toward an Understanding of the Messianic Idea in Judaism. In: SCHOLEM, Gershom. The Messianic Idea in Judaism and other Essays. Tradução de Michael A. Meyer. New York: Schocken Books, 1995. p. 1-36.
SÓFOCLES. Édipo em Colono. Tradução de Trajano Vieira. São Paulo: Perspectiva, 2012.
STEINER, George. A morte da tragédia. Tradução de Isa Kopelman. São Paulo: Perspectiva, 2006.
STIGGER, Veronica. O trágico e outras comédias. Rio de Janeiro: Sete Letras, 2007.
STIGGER, Veronica. Os anões. São Paulo: Cosac Naify, 2010.
SZONDI, Peter. Ensaio sobre o trágico. Tradução de Pedro Süssekind. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004.
TREVISAN, Dalton. Cemitério de elefantes. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1970.
UNAMUNO, Miguel de. Do sentimento trágico da vida: nos homens e nos povos. Tradução de Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes – selo Martins, 2019.
ZWEIG, Stefan. Brasil, país do futuro. Tradução de Renata Blazek. Montecristo Editora, 2022. E-book.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Gabriel Victor Rocha Pinezi (Autor)

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja The Effect of Open Access).



