Ansiedade odontológica autorrelatada pelas crianças atendidas na Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Minas Gerais
fatores associados e correlação com o medo dos pais
DOI:
https://doi.org/10.7308/aodontol/2019.55.e13Palavras-chave:
Ansiedade ao tratamento odontológico, Odontopediatria, ComportamentoResumo
Objetivo: Avaliar a correlação da ansiedade odontológica das crianças atendidas nas clínicas de Odontopediatria da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Minhas Gerais (FAO-UFMG) com o medo odontológico de seus pais/responsáveis. Além disso, avaliar a associação entre a presença de ansiedade dessas crianças com tipo de tratamento necessário, o tempo em que faz tratamento na FAOUFMG e com seu comportamento.
Métodos: Foi realizado um estudo transversal com uma amostra de conveniência de 65 crianças de 4 a 11 anos de idade atendidas nas clínicas de Odontopediatria da FAO-UFMG e seus pais/responsáveis. Os Questionários Venham Picture Test Modificado e Dental Fear Survey foram utilizados para mensurar a ansiedade e medo autorrelatados frente o tratamento odontológico das crianças e dos responsáveis, respectivamente. Tipo de tratamento odontológico, tempo em tratamento nas clínicas (FAO-UFMG) e comportamento da criança (escala de Frankl) foram obtidos através da ficha clínica. Sexo e idade (criança) sexo, grau de parentesco e escolaridade (responsável) através de um questionário. Os dados foram analisados através da correlação de Spearman e teste Kruskal-Wallis.
Resultados: Não houve correlação significativa entre a ansiedade das crianças e o medo dos pais/ responsáveis (r = -0,029; p = 0,820). A ansiedade odontológica foi maior em crianças submetidas à exodontia (média = 3,17; DP = 2,639) do que naquelas submetidas à procedimentos restauradores/endodônticos (média = 0,96; DP = 2,021; p = 0,013) ou sem necessidade de tratamento (média = 0,30; DP = 0,483; p = 0,032). Crianças com 4-21 meses em tratamento apresentaram maior ansiedade comparada àquelas com mais de 21 meses em tratamento (p = 0,045). Não houve associação significativa entre ansiedade odontológica e comportamento da criança (p = 0,221).
Conclusão: A ansiedade odontológica das crianças não foi associada ao medo de seus pais/responsáveis. Entretanto, a necessidade de procedimentos mais complexos e o tempo em que a criança estava sob tratamento na clínica foram associados à presença de ansiedade odontológica.
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