A construção poética em Vermelho Amargo, de Bartolomeu Campos de Queirós
DOI:
https://doi.org/10.17851/1982-0739.28.3.132-146Palavras-chave:
Desautomatização, Estranhamento, Singularização, Temporalidade, MontagemResumo
O artigo investiga a construção poética no romance Vermelho Amargo (2017), de Bartolomeu Campos de Queirós, com objetivo de verificar como se dá a produção de sentido do texto a partir de recursos que deslocam o olhar prosaico e automatizado para a experimentação da singularidade e da emoção da arte poética. Para tanto, pretende-se embasar a discussão nos conceitos de desautomatização e de singularização na arte, de acordo com Viktor Chklóvski (1893- 1984). O tempo da narrativa, no texto de Queirós, que se apresenta de forma não linear e fragmentária, à semelhança da memória, remete ao conceito de alternâncias temporais, conforme proposta de Tzvetan Todorov (1939-2017). Singularização e alternância temporal, por sua vez, serão relacionadas ao conceito de montagem cinematográfica, de Sergei Eisenstein (1898-1948) - procedimento em que o receptor tem papel fundamental. Desse modo, a montagem, que provoca necessariamente tensão e conflito, participa como importante artifício da construção do sentido.
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Referências
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