As janelas de David Perlov: autobiografia, luto e política
DOI:
https://doi.org/10.17851/1982-3053.11.20.90-111Palavras-chave:
Autobiografia, Luto, PolíticaResumo
Diante da problematização do campo das escritas de si e de seu cruzamento com cinema, testemunho, memória, crítica do sujeito e da dimensão confessional-testemunhal da cultura, o artigo tem como horizonte a investigação de modos políticos de enunciação e subjetivação, efetivados por meio dos diários cinematográficos de David Perlov, cineasta brasileiro-israelense. Nesses diários, realizados entre os anos 1970 e 2000, a errância, o trauma, o exílio e o luto são figuras de uma enunciação subjetiva e de uma narrativa em trânsito constante, para as quais o deslocamento, não sendo apenas geográfico, faz a passagem da identidade à alteridade, do singular ao coletivo, do trauma ao luto, do privado ao político.
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