v. 2 n. 3 (2008): Kabalah: o estranho, o mágico e o maravilhoso no arquivo cultural judaico

Detalhe de "Rabi Low", de Vlad Eugen Poenaru

Apresentação

Lyslei Nascimento (Universidade Federal de Minas Gerais)

O estranho e o mágico sempre fizeram parte do universo judaico. A Bíblia e sua incontável coleção de relatos trazem, em seu acervo, mitos e lendas que, alegoricamente, compõem um corpus da ordem do maravilhoso. Da torre de Babel ao gigante Golias, passando pela carruagem de fogo de Elias e os milagres atribuídos à divindade a partir da ação dos profetas, esse imaginário gera inúmeras interpretações. Com um duplo suplementar, no entanto, um corpus de lendas, mitos e supertições trouxe para a tradição judaica, principalmente com o advento do Hassidismo, personagens como o Golem, a Lilith, o Dibuk. O mundo em que esses seres imaginários vivem é o do misticismo judaico, da Cabala. A literatura, a partir das correntes da mística judaica, beneficiou-se, sobremaneira, desse imaginário. O objetivo deste dossiê é reunir artigos contemporâneos sobre a inscrição desse misticismo, gerador de estranhos, mágicos e maravilhosos acontecimentos e personagens, além de refletir sobre seu advento na cultura judaica.

Dedicatória

Em 12 de fevereiro de 1936, o casal Egon (1910-1981) e Frieda Wolff (1911-2008) desembarcou no Brasil, no porto de Santos, fugindo do nazismo. Ambos, egressos da Universidade de Berlim, instalaram-se em São Paulo, onde trabalharam no comércio. Mais tarde, mudaram-se para o Rio de Janeiro. Nessa cidade, Egon Wolff foi presidente do Hospital Israelita. A partir de 1960, a curiosidade sobre a imigração dos judeus para o Brasil e a falta de respostas a inúmeras perguntas levaram o casal a se dedicar à pesquisa de forma apaixonada e incansável. A Biblioteca Nacional e o Arquivo Nacional foram seus arquivos prediletos, mas eles, também percorreram cemitérios por todo o país, registrando e resgatando do esquecimento datas, genealogias, nomes. Entrevistaram centenas de pessoas e escreveram milhares de páginas sobre os judeus no Brasil. O Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, reconhecendo a importância desse trabalho, convidou os Wolff a se associar à entidade. Frieda e Egon escreveram 44 livros, incluindo Quantos judeus estiveram no Brasil holandês e sete dicionários biográficos. A eles - pelo que representam de inspiração e amor aos estudos e de conhecimento, à dedicação à História e à memória judaica - nossa homenagem.

Publicado: 2008-10-30

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