Educação em Ciências na Escola Democrática e as Relações Étnico-Raciais
DOI:
https://doi.org/10.28976/1984-2686rbpec2019u329344Palavras-chave:
Decolonialidade, Relações Étnico-Raciais, Ensino de CiênciasResumo
O presente artigo tem como objetivo, a partir de uma revisão bibliográfica nas principais referências da área etnocêntrica e decolonial nas ciências no Brasil apontar caminhos para a educação em ciências naturais, abordando as relações étnico-raciais como eixo norteador. Neste sentido, revisamos a literatura das teorias decoloniais com o intuito de compreender do que se trata o processo de descolonização de saberes, bem como de compreendermos o que nos trouxe até este estágio epistêmico, cosmogônico e global eurocêntrico que reduziu nossas existências e produções intelectuais a um padrão de referência único e universalizado. Para tal, apresentamos produções científicas africanas pré-diaspóricas, bem como cientistas contemporâneos que destoam desses padrões socialmente impostos, visando ampliar a imagética acerca da noção de ciência e pautar a importância de se discutir representatividades diversas nos espaços de poder, dentre eles o de produção acadêmica. Ressalto que a escrita deste texto se dará em afro perspectiva por meio da proposição teórico-metodológica cunhada pela escritora Conceição Evaristo, denominada escrevivência. Por esta razão imprimo nestas palavras o que leio, penso e sinto. Realizo não só formulação e reformulações a partir de outros e outras, como também parto deste meu lugar de mulher negra brasileira nordestina que atua na área de Ensino de Química.
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