Espelho, espelho meu: autoimagem de pessoas que fazem uso de drogas e suas repercussões sociais
DOI:
https://doi.org/10.35699/reme.v23i1.49797Palavras-chave:
Saúde Mental, Usuários de Drogas, Autoimagem, Problemas Sociais, EnfermagemResumo
Objetivo: analisar a percepção de pessoas que fazem uso de drogas acerca da sua autoimagem e as repercussões sociais decorrentes dessas percepções. Método: esta é uma pesquisa qualitativa, realizada com 16 usuários de um Centro de Atenção Psicossocial Álcool e outras drogas de um município da região central do Rio Grande do Sul. Os dados foram produzidos durante cinco encontros em grupo, orientados pela metodologia da problematização com o Arco de Charles Maguerez. Resultados e discussão: da análise dos dados foram identificados temas emergentes que originaram as seguintes categorias: uso de drogas e os reflexos na autoimagem; repercussões sociais que envolvem estar usuário de drogas. Evidenciou-se que a autoimagem construída por essas pessoas envolve sentimentos de autodesvalia, problemas com autoestima e autocuidado. Esses sujeitos vivenciam um contexto social enraizado em preconceito e estigma, de tal forma que passaram a adotar estereótipos negativos a si próprios. Recomendamos que, nos espaços em que os usuários procuram tratamento, sejam incentivados a recomeçarem a gostar de si mesmos, valorizarem as pequenas conquistas, reconquistar laços de afeto, reconstruir sua dignidade, autoconfiança e autoestima. Considerações finais: destaca-se, ainda, o desafio posto aos profissionais de saúde deengajarem-se na luta pela desconstrução de concepções que ampliem a estigmatização social, bem como a necessidade de promoverem a participação social de usuários de drogas na luta por políticas e práticas que legitimem sua condição de cidadania.
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