Coronelismo, emprego e voto
os velhos inimigos da democracia e o novo voto de cabresto
DOI:
https://doi.org/10.35699/2525-8036.2025.54749Palavras-chave:
Assédio Eleitoral, Coronelismo, Habitus Eleitoral, Municípios, Voto De CabrestoResumo
O artigo retoma elementos conceituais de Victor Nunes Leal em Coronelismo, enxada e voto para analisar o crescimento das denúncias de assédio eleitoral a partir dos dados referentes às eleições de 2022. Inicialmente, explora-se o uso do termo no debate sobre a natureza da dominação na realidade histórica do Estado brasileiro, assim como a permanência do “voto de cabresto” e seu ressurgimento com uma nova roupagem. Para tanto, utiliza-se uma abordagem estrutural dos direitos políticos e questiona-se a existência de um habitus eleitoral conformado por elementos coronelistas. Ao final, apresenta-se as diretrizes do Conselho Nacional do Ministério Público (Recomendação nº 110/2024) no combate às práticas de assédio eleitoral e a posição da Justiça Eleitoral em face dos casos.
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