A montagem como técnica e possibilidade de crítica à modernidade.
O painel Eu vi o mundo… ele começava no Recife.
DOI:
https://doi.org/10.35699/2238-2046.2025.54189Palavras-chave:
Cícero Dias, Recife, Montagem, ModernidadeResumo
O painel Eu vi o mundo... ele começava no Recife (1926-29) é um importante marco na história da arte moderna brasileira, não apenas por ter inaugurado o Salão Revolucionário, de 1931, mas também por apresentar diversas facetas de um mundo que Cícero Dias considerava moderno. O painel foi possível por meio da união – montagem – desses fragmentos coletados do seu cotidiano ou narrados por outros. São as luzes, cores e formas do Nordeste interiorano, dos engenhos de cana-de-açúcar, das casas-grandes e senzalas, do mar e sobrados do Recife e das tradições aristocráticas e populares que Dias representou o seu mundo. Este artigo objetiva analisar a referida obra e como, por meio da estratégia da montagem, técnica associada às vanguardas artísticas, Dias apresentou suas impressões e crítica às imagens da modernidade benjaminiana.
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