Dimensões raciais e políticas educacionais: usos do passado na conformação dos valores estadonovistas

Abstract

O recrudescimento do nacionalismo é a principal marca do período que a historiografia convencionou chamar de Era Vargas (1930-1945). A preocupação com a unidade entre os diferentes atores sociais e colocar os diferentes setores do país nos trilhos da modernidade orientaram o conjunto de medidas elaborado pelo poder central. Porém, foi no Estado Novo (1937-1945) que iniciativas de políticas públicas mais intervencionistas foram adotadas para conformar suas normas e valores. A pretensão com a formação do sentimento patriótico fez das políticas educacionais peças fundamentais para realização de tal ambição. Assim, a literatura escolar, para além de suas funcionalidades educacionais, é considerada um dispositivo caro à divulgação do projeto político de coesão nacional. Neste artigo, analisaremos a abordagem feita sobre as relações raciais no livro didático de História. Para nós a preocupação do Estado com a unidade nacional envolve a busca por uma identidade que revelasse, entre outras coisas, papel desempenhado por cada um dos elementos étnicos na construção do país, a fim de forjar um pressuposto ideológico de uma relação racial harmônica.