Pokémon GO: discutindo Dispositivos e a pedagogia dos jogos eletrônicos

Autores

  • Pablo Rodrigo Bes Oliveira Faculdade Cenecista de Osório - CNEC

DOI:

https://doi.org/10.17851/1983-3652.10.2.50-65

Palavras-chave:

Pokémon GO, pedagogias culturais, dispositivo, consumo

Resumo

RESUMO: Este artigo analisa os jogos eletrônicos, sobretudo aqueles online, que têm sido utilizados de forma generalizada por pessoas de todas as faixas etárias. Entendemos existir um dispositivo pedagógico da mídia que envolve alguns desses jogos, mais especificamente o aplicativo conhecido como Pokémon GO. Desvelar quais são os conceitos que podem estar sendo ensinados através desse aplicativo e qual a visão de mundo esse jogo retrata traduzem os objetivos de tal estudo, uma vez que se entende que alguns jogos eletrônicos podem valer-se de uma pedagogia em sua constituição. Como material empírico de pesquisa, foram analisadas práticas discursivas e não discursivas, sendo que o corpus da investigação é formado pelo site oficial do jogo no Brasil, páginas do aplicativo em rede social e canais de youtubers. Da mesma forma, o autor mergulhou no universo do jogo, como player, pelo período de trinta dias. São utilizados para a análise teórica autores das áreas dos estudos culturais em educação e da tecnologia, como Bauman (1997), Harvey (2011), Foucault (2000), Fischer (2002), Lipovetsky (2006), Murray (2003), Narodowski (2013), Salen e Zimmerman (2003), Santaella (2003), Carvalho (2006), entre outros. Ficou caracterizado através da experiência empírica do autor e das análises do corpus investigativo que o jogo possui uma visão de mundo, implícita em suas práticas, que se aproxima do consumo e o incentiva, bem como endossa/induz e propõe a seus participantes que sigam essa lógica típica da sociedade pós-moderna.
PALAVRAS-CHAVE: Pokémon Go; pedagogias culturais; dispositivo; consumo.


ABSTRACT: This article analyzes electronic games, especially those online ones, that have been widely used by people of all age groups. We understand there is a media pedagogical device that involves some of these games, specifically the application known as Pokémon GO. Unveiling what the concepts that may have been taught through this application are and what world view this game portrays, translates the objectives of such a study, since it is understood that some electronic games can use a pedagogy in its constitution. As empirical research material, discursive and non-discursive practices were analyzed, and the research corpus is formed by the official game site in Brazil, social network pages of the application and channels of youtubers. In the same way, the author immersed himself in the universe of the game, as a player for the period of thirty days. Authors from the fields of cultural studies in education and technology, such as Bauman (1997), Harvey (2011), Foucault (2000), Fischer (2002), Lipovetsky (2006), Murray (2003), Narodowski (2013), Salen e Zimmerman (2003), Santaella (2003), Carvalho (2006), among others, are used for theoretical analysis. It was characterized by the empirical experience of the author and the analysis of the investigative corpus that the game has an implicit world view of its practices, which approximates and favors the consumption incentive, as well as endorses/proposes to its participants to follow this Logic typical of postmodern society.
KEYWORDS: Pokémon Go; cultural pedagogies; device; consumption.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Pablo Rodrigo Bes Oliveira, Faculdade Cenecista de Osório - CNEC

Graduado em Administração e Pedagogia, Especialista em Gestão e Planejamento Escolar, Especialista em Educação Infantil, MBA em Coaching, Mestre em Educação: Estudos Culturais, Doutorando em Educação.

Prof. Assistente Mestre do Curso de Licenciatura em Pedagogia do Centro Universitário UNICNEC - rede CNEC.

Referências

ANDRADE, P. D.; COSTA, M. V. Usos e possibilidades do conceito de Pedagogias Culturais nas pesquisas em Estudos Culturais em Educação. Textura. Canoas: ULBRA, v. 17, n. 34, p.48-63, mai.-ago. 2015.

BAUMAN, Z. Vida para consumo: a transformação das pessoas em mercadoria. Zahar, 2007.

CADOZ, C. A Realidade Virtual. Lisboa: Instituto Piaget, 1994.

CARVALHO, V. de. Dispositivos em evidência: a imagem como experiência em ambientes imersivos. In: FATORELLI, A.; BRUNO, F. Limiares da Imagem: tecnologia e estética na cultura contemporânea. Rio de Janeiro: Mauad X, 2006, p. 77-90.

COSTA, M. V. Cartografando a gurizada da fronteira: novas subjetividades na escola. In: ALBUQUERQUE JÚNIOR, D.; VEIGA-NETO, A.; SOUSA FILHO, A. (Orgs.). Cartografias de Foucault. Belo Horizonte: Autêntica, 2008, p. 269-294.

DAMATTA, R. Carnavais, malandros e heróis: para uma sociologia do dilema brasileiro. Rio de Janeiro, Rocco, 1979.

DELEUZE, Gilles. ¿Que és un dispositivo? In: DELEUZE, G. Michel Foucault, filósofo. Barcelona: Gedisa, 1990, p. 155-161.

DELEUZE, G. O que é um dispositivo? In: O mistério de Ariana: cinco textos e uma entrevista de Gilles Deleuze. Lisboa: Passagens, 1996, p. 83-96. DU GAY, P. “Some course themes”, não publicado, Milton Keynes, The Open University, 1994.

FISCHER, R. M. B. O dispositivo pedagógico da mídia: modos de educar na (e pela) TV. In: Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 28, n. 1, p. 151-162, jan./jun. 2002.

FOUCAULT, M. Histoire de la Sexualité I – La Volonté de Savoir. Gallimard,1976.

FOUCAULT, M. A Ordem do Discurso. Aula inaugural no Collège de France, pronunciada em 2 de dezembro de 1970. São Paulo: Loyola, 2000.

HALL, S. A centralidade da cultura: notas sobre as revoluções culturais do nosso tempo. Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 22, n. 2, p. 15-46, 1997.

HARVEY, D. Condição pós-moderna. São Paulo: Loyola, 2011.

HICKEY-MOODY, A.; SAVAGE, G. C.; WINDLE, J. Pedagogy writ large: public, popular and cultural pedagogies in motion. Critical Studies in Education, v. 51, n. 3, 227-236, 2010.

KELLNER, D. A cultura da mídia. Trad. de Ivone Castilho Benedetti. Bauru, SP: EDUSC, 2001.

LIPOVETSKY, G. O império do efêmero: a moda e seu destino nas sociedades modernas. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.

MARCELLO, F. de A. Sobre os modos de produzir sujeitos e práticas na cultura: o conceito de dispositivo em questão. Currículo sem Fronteiras, v. 9, n. 2, p. 226-241, jul.- dez. 2009.

MOMO, M. As crianças de hoje não são mais como antigamente! Implicações culturais do mundo contemporâneo para os modos de ser criança e de viver a infância. TexturaULBRA, v. 16, n. 32, p. 7-21, set.-dez. 2014.

MURRAY, J. Hamlet no Holodeck: o futuro da narrativa no ciberespaço. São Paulo: Itaú Cultural: UNESP, 2003.

NARODOWSKI, M. Hacia un mundo sin adultos. Infancias híper y desrealizadas em la era de los derechos del niño. Actualidades Pedagógicas, n. 62, p. 15-36, 2013. Disponível em: https://revistas.lasalle.edu.co/index.php/ap/article/view/2686/2301. Acesso em: 15 dez. 2017.

NIANTIC, Campanha denuncie quem está burlando o jogo, 2016. Disponível em . Acesso em: 16 mar. 2017.

SALEN, K. ZIMMERMAN, E. Rules of Play. Cambridge/Massachusetts: The MIT Press, 2003.

SANTAELLA, L. Da cultura das mídias à cibercultura: o advento do pós-moderno. Revista Famecos, Porto Alegre, n. 22, p. 23-32, dez. 2003. Disponível em: http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/revistafamecos/article/viewFile/3229/2493. Acesso em: 15 dez. 2017.

STEINBERG, S. R. Kindercultura: a construção da infância pelas grandes corporações. In: SILVA, L. H. da; AZEVEDO, J. C. de; SANTOS, E. S. dos (Orgs.). Identidade Social e a Construção do Conhecimento. Porto Alegre: SMED, 1997. p. 98-145.

WOODWARD, K. Identidade e diferença: uma introdução teórica e conceitual. In: SILVA, T. T. (Org.). Identidade e diferença: a perspectiva dos Estudos Culturais. Petrópolis, RJ: Vozes, 8 ed., 2008, p. 7-72.

Downloads

Publicado

28-12-2017

Como Citar

BES OLIVEIRA, P. R. Pokémon GO: discutindo Dispositivos e a pedagogia dos jogos eletrônicos . Texto Livre, Belo Horizonte-MG, v. 10, n. 2, p. 50–65, 2017. DOI: 10.17851/1983-3652.10.2.50-65. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/textolivre/article/view/16761. Acesso em: 19 abr. 2024.

Edição

Seção

Educação e Tecnologia