Tecnologias a serviço de quem?

Um diálogo entre Álvaro Vieira Pinto, Evgeny Morozov, Paulo Freire e Sérgio Guimarães sobre capitalismo de vigilância na educação

Autores

  • Janaína do Rozário Diniz Universidade do Estado de Minas Gerais, Departamento de Ciências Humanas e Fundamentos da Educação, Ibirité, Minas Gerais, Brasil https://orcid.org/0000-0001-7993-5447
  • Renata de Souza França Universidade do Estado de Minas Gerais, Departamento de Ciências Humanas e Fundamentos da Educação, Ibirité, Minas Gerais, Brasil https://orcid.org/0000-0002-3809-0975

DOI:

https://doi.org/10.1590/1983-3652.2023.42201

Palavras-chave:

Capitalismo de vigilância, Plataformas educacionais, Álvaro Vieira Pinto, Paulo Freire, Evgeny Morozov

Resumo

Tecnologias digitais são importantes ferramentas para viabilizar a educação de milhões de pessoas do Brasil. Google e Microsoft mediam atualmente processos pedagógicos por meio de suas plataformas. Esses monopólios digitais possuem como principal modelo de negócio a monetização dos dados pessoais dos seus usuários. Por meio de coleta, armazenamento, organização dos dados e comercialização dos produtos de predições, as mercadorias produzidas por essas corporações modificam o mercado, as estratégias políticas, as formas de trabalho, estruturações sociais e políticas públicas (CRUZ; VENTURINI, 2020). Esse fenômeno é definido como capitalismo de vigilância. A pesquisa tem como objetivo refletir sobre o avanço do capitalismo de vigilância na educação à luz de Álvaro Vieira Pinto, Evgeny Morozov, Paulo Freire e Sérgio Guimarães. Questiona-se: as tecnologias digitais hegemônicas presentes na educação pública estão a serviço de quais grupos? Como Álvaro Vieira Pinto, Evgeny Morozov, Paulo Freire e Sérgio Guimarães podem ajudar na reflexão sobre o capitalismo de vigilância na educação? O trabalho possui abordagem qualitativa. A técnica utilizada é a pesquisa bibliográfica, para a qual foram selecionadas as obras "Educar com a mídia: novos diálogos sobre educação", de Paulo Freire e Sérgio Guimarães; "O conceito de tecnologia", de Álvaro Vieira Pinto; e "Big Tech: a ascensão dos dados e a morte da política", de Evgeny Morozov. Constatou-se que os autores defendem o desenvolvimento da consciência crítica sobre as tecnologias, por meio da análise e da compreensão dos contextos histórico, econômico e político em que os artefatos tecnológicos são desenvolvidos.

Biografia do Autor

  • Janaína do Rozário Diniz, Universidade do Estado de Minas Gerais, Departamento de Ciências Humanas e Fundamentos da Educação, Ibirité, Minas Gerais, Brasil

    Graduação em Biblioteconomia pela Universidade Federal de Minas Gerais, pós-graduação Lato Sensu em Administração de Sistemas de Informação pela Universidade Federal de Lavras e Mestrado em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Professora na Universidade do Estado de Minas Gerais. Experiência nas áreas Ciência da Informação e Educação, com ênfase nos seguintes temas: formação docente, fontes de informação na internet, desinformação, plataformização da educação e software livre na educação.

  • Renata de Souza França, Universidade do Estado de Minas Gerais, Departamento de Ciências Humanas e Fundamentos da Educação, Ibirité, Minas Gerais, Brasil

    Doutora em Sistemas de Informação e Gestão do Conhecimento pela Universidade FUMEC. Mestra em Sistemas de Informação e Gestão do Conhecimento pela mesma instituição. Especialista em Gestão Estratégica de Processos de Negócios pela PUC - Minas, Gestão de Projetos e Gestão Educacional pela Faculdade Pitágoras. Graduada em Sistemas de Informação pela PUC Minas. Possui vasta experiência em atividades organizacionais, de negócio e inovação. Também possui experiência na docência, lecionando para cursos de Bacharelado e Licenciatura. Participa ativa como pesquisadora nas áreas de Inovação, Tecnologia, Gestão Conhecimento e Educação.

Referências

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Publicado

14-06-2023

Como Citar

Tecnologias a serviço de quem? Um diálogo entre Álvaro Vieira Pinto, Evgeny Morozov, Paulo Freire e Sérgio Guimarães sobre capitalismo de vigilância na educação. Texto Livre, Belo Horizonte-MG, v. 16, p. e42201, 2023. DOI: 10.1590/1983-3652.2023.42201. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/textolivre/article/view/42201. Acesso em: 20 dez. 2024.

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