Num caminho infinito para Ítaca: a presença e a ausência da escrita em Le Mépris, de Jean-Luc Godard, 1963

Autores/as

  • Bruno Fontes Universidade de Coimbra

DOI:

https://doi.org/10.17851/2317-2096.27.3.175-192

Palabras clave:

Jean-Luc Godard, adaptação, cinema e escrita, intermidialidade, Le Mépris

Resumen

Este artigo analisa as correspondências entre as especulações sobre o cinema e o papel das instâncias de escrita no filme Le Mépris (1963), de forma a entender como essa presença cumpre, mas ao mesmo tempo desestabiliza, a questão da adaptação. Examinar a escrita nesse filme através dessas modalidades permite concluir que nele a epopeia de Homero é limitada a um circuito de alusões e subscrições, de forma a propor que a adaptação da Odisseia “preferiu não se escrever” e afirmar que o filme “resiste” a uma ideia unívoca de “texto”, refletindo sobre o cinema tanto através da presença como da ausência da escrita.

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Biografía del autor/a

Bruno Fontes, Universidade de Coimbra

Licenciou-se em Estudos Portugueses e Lusófonos na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, e concluiu, na mesma instituição, o Mestrado em Estudos Artísticos, na área de estudos fílmicos, com a defesa da tese “Num mundo sempre noir: um estudo do film noir moderno, seguido de uma análise de Chinatown, de Roman Polanski” (2011). Tem desenvolvido atividades em conjunto com diversas associações culturais em Coimbra, no Porto e na Figueira da Foz. As suas áreas de interesse centram-se no diálogo do cinema com as outras artes, das quais se destacam a literatura e a música, e na análise da arte e da cultura de massas na contemporaneidade. Está neste momento a frequentar o Doutorado em Materialidades da Literatura na Universidade de Coimbra, no âmbito do qual desenvolve uma tese acerca da representação da escrita na imagem fílmica nos casos em que o dispositivo é utilizado de forma reflexiva, com a orientação científica do Professor Doutor Osvaldo Manuel Silvestre (orientador) e do Professor Doutor Ricardo Namora (coorientador). 

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3080-604 Figueira da Foz - Portugal

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Publicado

2017-12-29

Cómo citar

Fontes, B. (2017). Num caminho infinito para Ítaca: a presença e a ausência da escrita em Le Mépris, de Jean-Luc Godard, 1963. Aletria: Revista De Estudos De Literatura, 27(3), 175–192. https://doi.org/10.17851/2317-2096.27.3.175-192