Associação entre o alfabetismo funcional e o reconhecimento da palavra bruxismo em adolescentes
DOI:
https://doi.org/10.35699/2178-1990.2021.29679Palavras-chave:
Alfabetização em saúde, Bruxismo, Saúde bucal, OdontopediatriaResumo
Objetivo: Avaliar a associação entre alfabetismo funcional e o reconhecimento da palavra “bruxismo” entre adolescentes.
Métodos: Foi um estudo transversal realizado em uma cidade de porte médio no Brasil. A amostra consistiu em 375 escolares de 12 anos e 368 de 15 a 19 anos selecionados aleatoriamente. Dois examinadores calibrados (Kappa > 0,80) aplicaram o instrumento de alfabetismo em saúde bucal validado para adolescentes o Rapid Estimate of Adult Literacy in Dentistry – BREALD-30 e o reconhecimento da palavra “bruxismo” foi utilizado como variável dependente, além de um questionário sobre o alfabetismo funcional (Índice de Alfabetismo Funcional –INAF). Os pais/cuidadores responderam um questionário sociodemográfico. Foi realizada análise não-ajustada e regressão logística para amostras complexas (p < 0,05).
Resultados: No modelo final, os adolescentes de 12 anos que tiveram mais chances de não reconhecer a palavra “bruxismo” foram os de escola pública (OR = 2,83; 95% IC: 1,79-4,46; p = 0,001), sem plano de saúde (OR = 2,02; 95% IC: 1,21-3,37; p = 0,007) e com menor nível de alfabetismo funcional (OR = 2,66; 95% IC: 1,66-4,26; p < 0,001). Adolescentes de 15 a 19 anos que tiveram maior chance de não reconhecer a palavra “bruxismo” foram os com menor nível de alfabetismo funcional (OR = 3,29; 95% IC: 1,93-5,60; p < 0,001), que residiam com mais pessoas em casa (OR = 2,04; 95% IC: 1,02-4,11; p = 0,040), que tinham pais/responsáveis com baixo nível de escolaridade (OR = 1,97; 95% IC: 1,15-3,36; p = 0,013) e que nunca foram ao dentista (OR = 3,08;95% IC: 1,26-7,52; p = 0,03).
Conclusão: O reconhecimento do termo “bruxismo” entre os adolescentes de 12 anos foi influenciado pela presença de plano de saúde e por um maior nível de alfabetismo funcional. Na faixa etária maior, o maior nível de alfabetismo funcional, o menor número de pessoas em casa, a maior escolaridade do responsável e a ida ao dentista influenciaram no reconhecimento do termo.
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