Currículo e mídia: a produção de um discurso para e sobre a escola

Resumo

Este trabalho tem por objetivo discutir a complexa relação entre mídia e educação no Brasil, mostrando que a mídia não trabalha mais paralelamente à escola; mas sim na e com a escola. Umas das políticas educacionais do MEC dos anos 90 consistiu em equipar as escolas públicas com um "Kit tecnológico", composto por antena parabólica, televisor, aparelho de videocassete, receptor de satélite e caixas de fitas. Com esses equipamentos, muitas escolas (cerca de 48.980 das 53.964 escolas de ensino fundamental com mais de 100 alunos existentes no país) podem, desde março de 1996, receber, gravar e trabalhar com programas da TV Escola (programa educativo idealizado e executado pela Secretaria de Educação a Distância do MEC) e, mais recentemente, desde setembro de 1998, as escolas contam também com a programação do Canal Futura - canal educativo do setor privado, liderado pela rede globo de televisão. Além disso, nas videotecas das escolas encontram-se fitas com programas de vários outros canais de televisão. A partir da evidência de que o discurso da mídia está na escola, este trabalho lida com a hipótese de que a mídia possui seu próprio modelo de teoria curricular, sua própria referência de educação de qualidade e está promovendo ela mesma uma seleção, dentre inúmeras possibilidades, daquilo que considera importante e válido de ser ensinado para as novas gerações. Deste modo, este trabalho mostra como o currículo e a escola têm sido pensados, falados e produzidos pela mídia no Brasil neste final de século.