O futebol-arte brasileiro: uma tradição continuamente reinventada e contestada

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Nathaly Barbieri Marcondes César
José Carlos Marques

Abstract

O futebol brasileiro, desde a primeira metade do Século XX, tem sido comumente associado a uma prática em que predominariam as noções de magia, habilidade, fantasia e espetáculo, muito em função da valorização das individualidades e da capacidade de driblar de nossos atletas. Se, por um lado, há uma legitimação – especialmente pelo discurso midiático – de que o futebol brasileiro é caracterizado por meio do futebol-arte, alguns estudos acadêmicos das últimas duas décadas no Brasil, por outro lado, problematizam ou recusam essa caracterização quando se observa o futebol nacional, especialmente o praticado pela Seleção Brasileira. Assim, este artigo procura verificar como a visão fundada por Gilberto Freyre (1938) a respeito do futebol-arte ainda mantém força, renovada a cada Copa do Mundo especialmente por emissoras televisivas, ao passo que outros discursos procuram desmistificar tal visão.

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Zitationsvorschlag
CÉSAR, N. B. M.; MARQUES, J. C. O futebol-arte brasileiro: uma tradição continuamente reinventada e contestada. FuLiA/UFMG, Belo Horizonte/MG, Brasil, v. 3, n. 2, p. 178–199, 2019. DOI: 10.17851/2526-4494.3.2.178-199. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/fulia/article/view/13876. Acesso em: 21 nov. 2024.
Rubrik
DOSSIÊ
Autor/innen-Biografien

Nathaly Barbieri Marcondes César, Universidade Estadual Paulista Programa de Pós-graduação em Comunicação

Mestre em Comunicação pelo Programa de Pós-graduação em Comunicação da Unesp - campus de Bauru. Graduada em Publicidade e Propaganda pela Universidade do Sagrado Coração (USC).

José Carlos Marques, Universidade Estadual Paulista Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação Programa de Pós-graduação em Comunicação Departamento de Ciências Humanas

Docente do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e do Departamento de Ciências Humanas da Unesp - campus de Bauru.
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