A Teoria dos Campos de Bourdieu e a Educação em Ciências: Possíveis Articulações e Apropriações

Autores

DOI:

https://doi.org/10.28976/1984-2686rbpec2021u383411

Palavras-chave:

Sociologia da Ciência, Campo Bourdiano, Educação em Ciências

Resumo

Visando contribuir para o entendimento da pesquisa em Educação em Ciências a partir da sociologia da ciência, o objetivo deste artigo foi explorar e elucidar a teoria dos campos, formulada por Pierre Bourdieu, nos objetos de estudo dessa área. Este trabalho teórico foi estruturado em três momentos, articulados ao longo de todo o texto: uma síntese das leis gerais e invariantes dos campos; a elaboração de uma analogia entre o conceito de campo bourdiano e o campo para a Física; uma discussão da apropriação da teoria dos campos em pesquisas da Educação em Ciências que a mobilizam. Discutiu-se o campo como espaço social, os habitus dos agentes, as posições no campo, as disputas e os interesses, a distribuição de capital específico, os limites, as fronteiras e a autonomia do campo. Defendeu-se interpretações desse difícil conceito bourdiano, visando, por exemplo, delimitar o campo e seus agentes, por meio da apropriação em pesquisas da área. Assim, avançou-se no entendimento teórico em diálogo com a área, explicitando as articulações possíveis e as efetivadas entre a Educação em Ciências e a Sociologia da Ciência bourdiana.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Bourdieu, P. (1968). Campo intelectual e projeto criador. In J. Pouillon (Org.), Problemas do estruturalismo (pp. 105–145). Zahar.

Bourdieu, P. (1979). O desencantamento do mundo: estruturas econômicas e estruturas temporais. Editora Perspectiva.

Bourdieu, P. (1983a). O campo científico. In R. Ortiz (Org.), Pierre Bourdieu: Sociologia, (pp. 122–155). Ed. Ática.

Bourdieu, P. (1983b). Mas quem criou os criadores? In P. Bourdieu, Questões de sociologia (pp. 162–172). Ed. Marco Zero.

Bourdieu, P. (1983c). Algumas propriedades dos campos. In P. Bourdieu, Questões de Sociologia (pp. 89–94). Ed. Marco Zero.

Bourdieu, P. (1989a). A gênese dos conceitos de habitus e de campo. In P. Bourdieu, O poder simbólico (pp. 59–73). Ed. Difel/Bertrand.

Bourdieu, P. (1989b). A representação política. Elementos para uma teoria do campo político. In P. Bourdieu, O poder simbólico (pp. 163–207). Ed. Difel/Bertrand.

Bourdieu, P. (1989c). A força do direito. Elementos para uma sociologia do campo jurídico. In P. Bourdieu, O poder simbólico (pp. 209–254). Ed. Difel/Bertrand.

Bourdieu, P. (1996). As regras da arte: gênese e estrutura do campo literário. Companhia das Letras.

Bourdieu, P. (2002a). O costureiro e sua grife: uma contribuição para a teoria da magia. In P. Bourdieu, A Produção da crença: contribuição para uma teoria dos bens simbólicos (pp. 113–190). Ed. Zouk.

Bourdieu, P. (2002b). Pour un savoir engagé. Le monde diplomatique. https://www.monde-diplomatique.fr/2002/02/BOURDIEU/8602

Bourdieu, P. (2004a). Os usos sociais da ciência: por uma sociologia clínica do campo científico. Editora UNESP.

Bourdieu, P. (2004b). Para uma sociologia da ciência. Edições 70.

Bourdieu, P. (2004c). Programa para uma sociologia do esporte. In P. Bourdieu, Coisas Ditas (pp. 207–220). Ed. Brasiliense.

Bourdieu, P. (2004d). O campo intelectual: um mundo à parte. In P. Bourdieu, Coisas Ditas (pp. 169–180). Ed. Brasiliense.

Bourdieu, P. (2005). O campo econômico. Política e sociedade, 4(6).

Bourdieu, P. (2007a). Gênese e estrutura do campo religioso. In P. Bourdieu, A economia das trocas simbólicas (pp. 27–78). Ed. Perspectiva.

Bourdieu, P. (2007b). A distinção: crítica social do julgamento. Zouk.

Bourdieu, P. (2008). A economia das trocas linguísticas: o que falar quer dizer. 2.ed. EDUSP.

Bourdieu, P. (2013). Sèminaires sur le concept de champ, 1972–1975. Actes de la recherche en Sciences Sociales, 200, 4–37.

Bourdieu, P. (2017). Homo academicus. 2 ed. Editora da UFSC.

Braga, M. do R. A. (2004). Relações entre Arte e Ciência em Centros e Museus de Ciências. (Dissertação de mestrado em História das Ciências da Saúde). Casa de Oswaldo Cruz – FIOCRUZ, Rio de Janeiro.

Conceição, A. J. (2012). Contribuições do programa de iniciação científica júnior na Universidade Estadual de Londrina (UEL): a formação de um habitus adequado ao campo científico. (Dissertação de Mestrado em Políticas Públicas). Universidade Estadual de Maringá, Maringá.

Condenanza, L. M. (2012). Ley Federal de Educación e Ley de Educación Nacional: Un análisis desde la Educación Ambiental. (Tese Licenciatura em Ciências da educação). Universidad Nacional de La Plata, Facultad de Humanidades y Ciencias de la Educación, Departamento de Ciencias de la Educación, La Plata, Argentina.

Condenanza, L., & Cordero, S. (2011). La educación ambiental desde la teoria de los campos. In Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências. Campinas, SP.

Dorvillé, L. F. M. (2010). Religião, escola e ciência: conflitos e tensões nas visões de mundo de alunos de uma licenciatura em ciências biológicas. (Tese de doutorado em Educação). Faculdade de Educação, Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro.

dos Reis, U. V., & Reis, J. C. (2016). Os conceitos de espaço e de tempo como protagonistas no ensino de Física: um relato sobre uma sequência didática com abordagem histórico-filosófica. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, 33(3), 744–778.

Einstein, A. (2011). The world as I see it. Open Road Media.

Feres, G. G. (2010). A pós-graduação em Ensino de Ciências no Brasil: uma leitura a partir da Teoria de Bourdieu. (Tese de Doutorado em Educação para a Ciência). Faculdade de Ciências, Universidade Estadual Paulista, Bauru.

Feres, G. G., & Nardi, R. (2007). Parâmetros utilizados para caracterização e avaliação da produção acadêmica na área de Educação em Ciências: estudos preliminares. In Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências. Florianópolis, SC.

Fogle, N. (2011). The spatial logic of social struggle: a bourdieuian topology. Lexington Books..

Freitas, Z. L. (2008). Um Projeto de Interação Universidade-Escola como Espaço Formativo para a Docência do Professor Universitário. (Doutorado em Educação para a Ciência). Faculdade de Ciências, Universidade Estadual Paulista, Bauru.

Freire, L. I. F., & Fernandez, C. (2015). O professor universitário novato: tensões, dilemas e aprendizados no início da carreira docente. Ciência & Educação, 21(1), 255–272.

Freitas, Z. L., Oliveira, E. R., & Carvalho, L. M. O. (2005). Formação contínua de professores da universidade: pesquisadores em Ciências. In Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências. Bauru, SP.

Gentner, D. (1983). Structure-mapping: A theoretical framework for analogy. Cognitive science, 7(2), 155–170.

Genovez, L. G. R. (2008). Homo Magister: conhecimento e reconhecimento de uma professora de ciências pelo campo escolar. (Tese de doutorado em Educação para a Ciência). Faculdade de Ciências, Universidade Estadual Paulista, Bauru.

Genovese, L. G. R. (2013). Obstáculos à Consolidação da Relação entre o Campo Escolar e o Campo Universitário: os Pequenos Grupos de Pesquisa de Goiás em foco. In Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências. Águas de Lindóia, SP.

Greenacre, M. (2017). Correspondence analysis in practice. CRC press.

Grenfell, M. (2018). Uma reflexão sobre a teoria do campo (e dentro dela) na prática. Tempo Social, revista de sociologia da USP, 30(2).

Griffiths, D. J. (2005). Introduction to electrodynamics. Pearson.

Jackson, J. D. (2007). Classical electrodynamics. John Wiley & Sons.

Jammer, M. (1993). Concepts of space: the history of theories of space in physics (3a ed.). Dover Publications, 1993.

Klüger, E. (2018). Análise de correspondências múltiplas: fundamentos, elaboração e interpretação. Revista Brasileira de Informação Bibliográfica em Ciências Sociais, 86(2), 68–97. https://doi.org/10.17666/bib8604/2018

Lahire, B. (2002). Reprodução ou prolongamentos críticos? Educação & Sociedade, ano XXIII, 78, abril, 37–55.

Lahire, B. (2017). Campo. In A. Catani et al. (Orgs.), Vocabulário Bourdieu (pp. 64–66). 1 ed. Autêntica Editora, 2017.

Le Roux, B., & Rouanet, H. (2010). Multiple correspondence analysis. Sage, 163.

Martins, I., Gouveia, G., Jansen, M., Terreri, L., Fernandes, A., & Assumpção, A. (2005). Textos, sujeitos e discursos: apropriação de textos de Ciências por formadores de professores. In Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências. Bauru, SP.

Montagner, M. A., & Montagner, M. I. (2010). A teoria geral dos campos de Pierre Bourdieu: uma leitura. Revista Tempus Actas de Saúde Coletiva, 5(2), 255–273.

Mozzer, N. B., & Justi, R. (2013). A elaboração de analogias como um processo que favorece a expressão de concepções de professores de química. Educación Química, 24, 163–173.

Nussenzveig, H. M. (2015). Curso de física básica: Eletromagnetismo. Editora Blucher, 3.

Pereira, J. E. D. (1999). Aspectos sócio-históricos da formação inicial de professores de Biologia. In Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências. Valinhos, SP.

Perrelli, M. A. S. (1996). Transposição didática no campo da indústria cultural: um estudo dos condicionantes dos conteúdos de Ciências nos livros didáticos. (Dissertação de mestrado em Ciências da Educação). Programa de Pós Graduação em Educação, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.

Perrelli, M. A. S., & Gianotto, D. E. P. Percepções de professores universitários sobre a iniciação científica: uma análise a partir de Pierre Bourdieu e Thomas Kuhn. In Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências. Bauru, SP.

Porto, C. M., & Porto, M. M. (2008). Uma visão do espaço na mecânica newtoniana e na teoria da relatividade de Einstein. Revista Brasileira de Ensino de Física, 30(1), 1603.1–1603.8. https://doi.org/10.1590/S1806-11172008000100017

Ribeiro, L. C. S. (2008). A criação da licenciatura noturna em química da UFRJ: embates, retóricas e conciliações. (Tese de doutorado em Educação: História, Política e Sociedade). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo.

Valadão, L. D. (2016). Apropriação da perspectiva teórica de Bourdieu na pesquisa em Educação em Ciências: uma revisão bibliográfica. (Dissertação de mestrado em Educação). Faculdade de Educação, Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora.

Watanabe, G. (2015). A divulgação científica produzida por cientista: contribuições para o capital cultural. (Tese de doutorado em Ensino de Física). Faculdade de Educação, Instituto de Física, Instituto de Química e Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo, São Paulo.

Watanabe, G., Ribeiro, R. A., & Kawamura, M. R. D. (2013). A pesquisa em divulgação científica e espaços não formais de educação como campo. In Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências. Águas de Lindóia, SP.

Downloads

Publicado

2021-05-10

Como Citar

Massi, L., Agostini, G. ., & Nascimento, M. M. (2021). A Teoria dos Campos de Bourdieu e a Educação em Ciências: Possíveis Articulações e Apropriações. Revista Brasileira De Pesquisa Em Educação Em Ciências, e24691, 1–29. https://doi.org/10.28976/1984-2686rbpec2021u383411

Edição

Seção

Artigos