Planejamento estratégico em saúde no Brasil:

ascensão e desprestigio

Autores

DOI:

https://doi.org/10.35699/2316-9389.2024.49473

Palavras-chave:

Planejamento em Saúde, Planejamento Estratégico, Planejamento normativo, Administração em Saúde, Comunicação em Saúde, Políticas, Planejamento e Administração em Saúde

Resumo

Este estudo é de caráter reflexivo e tem como objetivo revisitar conceitos e marcos históricos do planejamento em saúde no Brasil, refletindo sobre sua ascensão e subsequente desprestígio. O Planejamento em Saúde na América Latina surgiu inspirado pela racionalidade econômica, tendo como modelo o Método CENDES/OPAS, buscando alcançar melhores resultados. No Brasil, na década de 60, o planejamento normativo utilizou a programação centralizada para responder a problemas prioritários. Como resposta à ditadura e à crise econômica, o Planejamento Estratégico (PE) começou a ser visto como uma alternativa eficaz ao normativo, com o intuito de estabelecer novas formas democráticas e participativas de planejar as instituições. Mario Testa abordava o PE na perspectiva da transformação e construção histórica de uma nova sociedade. Carlos Matus destacava a análise situacional como ferramenta fundamental para a governabilidade e melhoria nas respostas e capacidade de governo. A análise institucional buscou novos arranjos institucionais, visando ampliar o diálogo e criar corresponsabilidades entre os indivíduos no processo de transformação e democratização da organização. Entre os anos 80 e 2000, esses métodos foram amplamente utilizados nos currículos de graduação, pós-graduação e serviços. Os métodos e instrumentos do PE foram importantes na implantação do SUS e na promoção de sociedades mais democráticas e participativas, revelando sua ascensão e prestígio. Progressivamente, o instrumental do PE foi substituído pela ênfase no desempenho e no gerencialismo, com o progressivo abandono das análises de contextos e políticas, caracterizando seu declínio, o que pode ser mensurado na academia pela redução das publicações, pesquisas e ensino sobre a temática.

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Biografia do Autor

  • Deborah Carvalho Malta, Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, Escola de Enfermagem – EE, Departamento Materno infantil e de Saúde Pública. Belo Horizonte, MG - Brasil.

     

     

  • Fausto Pereira dos Santos, Instituto René Rachou. Fiocruz. Belo Horizonte, MG - Brasil.

    Doctor,  with Medical Residency in Preventive and Social Medicine, he holds a PhD in Public Health, area of concentration in Health Planning and Administration, from the State University of Campinas (2006). Former CEO of the National Supplementary Health Agency for two terms, former deputy municipal secretary of health of Belo Horizonte, former Executive Secretary and Health Care of the Ministry of Health. Former State Secretary of Health of Minas Gerais. He currently holds the position of Specialist in Public Policies and Government Management (EPPGG) of the Ministry of Management and Innovation, and is working at Fiocruz Minas, René Rachou Institute. Professor of the Graduate Program of the Faculty of Medical Sciences of the Lucas Machado Educational Foundation.He has experience in the area of Collective Health, with an emphasis on management, working mainly on the following topics: health policy, public regulation, supplementary health, health plans, health insurance and Healthcare system.

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Publicado

26-05-2025

Edição

Seção

Reflexão

Como Citar

1.
Planejamento estratégico em saúde no Brasil:: ascensão e desprestigio. REME Rev Min Enferm. [Internet]. 26º de maio de 2025 [citado 7º de dezembro de 2025];29. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/reme/article/view/49473

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