Encantamento do direito pela filosofia popular brasileira

por uma teoria constitucional popular

Autores

DOI:

https://doi.org/10.35699/2525-8036.2024.51777

Palavras-chave:

Teoria constitucional popular, Direitos humanos, Filosofia popular brasileira, Democracia

Resumo

O presente artigo busca a interrelação entre os aspectos culturais do Direito e a sua contextualização a partir da filosofia popular brasileira, trazendo como proposta a descolonização constitucional por meio das epistemologias marginalizadas dos povos de terreiro e das categorias de sujeitos coletivos de Direito. Neste sentido, o artigo trabalha sob o marco teórico do pensamento crítico à colonialidade, passando pela construção sócio-histórica do Direito enquanto um dispositivo Moderno/Colonial de controle da alteridade, com a criação do outro absoluto. A partir da ótica da colonialidade do poder, do ser e do saber, o artigo realiza crítica à epistemologia fundante da teoria constitucional, arraigada pela racionalidade eurocêntrica, apostando na pluridiversidade como potência democrática para o exercício da cidadania. Em consequência, identifica no ebó epistemológico do Direito a chave de leitura para a desencriptação constitucional, tendo como pano teórico-político a análise filosófica arruaceira, sugerindo, portanto, uma teoria constitucional popular.

Biografia do Autor

  • Danilo Sardinha Marcolino, Universidade Federal do Rio de Janeiro

    Doutorando e mestre em Direito, com enfoque em Teorias Jurídicas Contemporâneas, pelo Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGD/UFRJ), Brasil, na linha de pesquisa em "Sociedade, Direitos Humanos e Arte". Bacharel em Direito pela Faculdade Nacional de Direito/UFRJ, laureado com a dignidade acadêmica de grau "Magna Cum Laude". Certificado em Direito Internacional pela Organização dos Estados Americanos (47o. Curso de Direito Internacional da OEA). Pesquisador do Grupo de Pesquisa (CNPQ) Inovação, Pesquisa e Observação de Direito, Democracia e Representações na América Latina e Eixo Sul (INPODDERALES). Pesquisador do Grupo de Pesquisa (CNPQ) Saúvas - Filosofia do Direito desde o Brasil. Membro do Departamento de Infância e Juventude do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCrim). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-6324-7129. Contato: danilo_sardinha@outlook.com.

Referências

ALÓ, Ilana. A colonialidade do ser: usos e abusos da memória. In: GEISLER, Adriana; PEDROSA, Priscila (Orgs.). Crítica da razão colonial: estudos sobre Direito e pensamento decolonial. 1. ed. Rio de Janeiro: Codemy Edições, 2022, p. 30-44.

ALMEIDA, Philippe Oliveira de; GUEDES, Michael. A Filosofia do Direito – isso serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra. Revista Eletrônica da Faculdade de Direito de Franca, [S.l.], v. 16, n. 1, 2021. Disponível em: https://www.revista.direitofranca.br/index.php/refdf/article/view/1210. Acesso em: 13 de set. 2024.

CARNEIRO, Sueli. Dispositivo de racialidade: a construção do outro como não ser como fundamento do ser. Rio de Janeiro: Zahar, 2023.

CASTRO-GOMEZ, Santiago. La hybris del punto cero: ciencia, raza e ilustración en la Nueva Granada (1750-1816). Bogotá: Editorial Pontifícia Universidad Javeriana, 2005.

COLAÇO, Thaís; DAMÁZIO, Eloise. Antropologia Jurídica: uma perspectiva decolonial para América Latina. Porto Alegre: Juruá, 2018.

COSTA, Alexandre Bernardino; ROCHA, Eduardo Gonçalves. Epistemologia e Pesquisa em Direito. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2017.

EMERIQUE, Lilian Balmant. Descolonizar el constitucionalismo de Abya Yala: vivencias desde la ancestralidad hasta la vanguardia. In: ESTUPIÑÁN-ACHURY, Liliana; EMERQIEU, Lilian Balmant; ROMERO, Marco (Orgs.). Constitucionalismo de la resistencia y la integración desde y para Abya Yala. Bogotá: Universidad Libre, 2023, p. 55-67.

EMERIQUE, Lilian Márcia Balmant; OLIVEIRA, Wagner Vinicius de. Opacidade e criptografia constitucional: a ocultação do povo. Nullius: Revista de pensamiento crítico en el ámbito del Derecho, [S. l.], v. 3, n. 1, p. 41–58, 2022. Disponível em: https://revistas.utm.edu.ec/index.php/revistanullius/article/view/4257. Acesso em: 13 de set. 2024.

GONZALEZ, Lélia. A categoria político-cultural de amefricanidade. Revista Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro, n. 92/93, p. 69–82, 1988. Disponível em: https://negrasoulblog.wordpress.com/wp-content/uploads/2016/04/a-categoria-polc3adtico-cultural-de-amefricanidade-lelia-gonzales1.pdf. Acesso em: 13 de set. 2024.

GONZALEZ, Lélia. Por um feminismo Afro-Latino-Americano. Rio de Janeiro: Zahar, 2011.

GUZMÁN ARROYO, Adriana. Descolonizar la Memoria, Descolonizar los Feminismos. La Paz: Feminismo Comunitario Antipatriarcal, 2019.

HABERMAS, Jürgen. A inclusão do outro: estudos de teoria política. São Paulo: Editora UNESP, 2018.

HADDOCK-LOBO, Rafael. Caminhos, encruzilhadas, porteiras e feitiços para uma filosofia popular brasileira. Comparative Cultural Studies - European and Latin American Perspectives, [S.l.], v. 7, p. 31-44, 2022. Disponível em: https://oajournals.fupress.net/index.php/ccselap/article/view/13462. Acesso em: 13 de set. 2024.

HADDOCK-LOBO, Rafael. Maria Navalha e a Filosofia Popular Brasileira: um “trabalho” de campo. Revista Calundu, [S. l.], v. 4, n. 2, p. 21, 2021. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/revistacalundu/article/view/34990. Acesso em: 13 de set. 2024.

HADDOCK-LOBO, Rafael; SIMAS, Luiz Antonio; RUFINO, Luiz. Arruaças: uma filosofia popular brasileira. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2020.

HERRERA FLORES, Joaquín. Cultura e direitos humanos a partir do Mediterrâneo. In: INSTITUTO ENSAIO ABERTO; INSTITUTO JOAQUÍN HERRERA FLORES – América Latina (Orgs.). Cultura e Direitos Humanos. Rio de Janeiro: Instituto Herrera Flores, 2021.

HERRERA FLORES, Joaquín. Los derechos humanos como productos sociales: Crítica del humanismo abstracto. Madrid: Catarata, 2005.

HOSHINO, Thiago. O direito virado no santo: enredos de nomos e axé. Tese (Doutorado em Direito) – Faculdade de Direito, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2020, 368 f.

KELSEN, Hans. Teoria Pura do Direito. São Paulo: Martins Fontes, 2006.

LUGONES, María. Colonialidad y género: hacia un feminismo descolonial. In: MIGNOLO, Wagner. Género y descolonialidad. Buenos Aires: Ediciones Del Signo, 2008.

MALDONADO-TORRES, Nelson. On the coloniality of being: contributions to the development of the concept. Cultural Studies, [S.l.], v. 21, p. 240-270, 2007. Disponível em: https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/09502380601162548. Acesso em: 13 de set. 2024.

MIGNOLO, Walter. Desobediência epistêmica: a opção descolonial e o significado de identidade em política. Cadernos de Letras da UFF, Niterói, n. 34, p. 287-324, 2008. Disponível em: https://professor.ufop.br/tatiana/classes/ppgd-pluralismo-epistemol%C3%B3gico/materials/desobedi%C3%AAncia-epist%C3%AAmica-walter-mignolo. Acesso em: 13 de set. 2024.

MUMBUCA, Ana. Voo das abelhas da terra. Caderno de leituras, [S.l.], n. 117, 2020. Disponível em: https://chaodafeira.com/catalogo/caderno117/. Acesso em: 13 de set. 2024.

NASCIMENTO, Wanderson Flor do. Das filosofias vagabundas. In: HADDOCK-LOBO, Rafael; SIMAS, Luiz Antonio; RUFINO, Luiz. Arruaças: uma filosofia popular brasileira. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2020.

OYEWÙMI, Oyéronké. A invenção das mulheres: construindo um sentido africano para os discursos ocidentais de gênero. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2021.

PIRES, Thula; FLAUZINA, Ana Luiza Pinheiro. Constitucionalismo da inimizade. Direito & Práxis, Rio de Janeiro, v. 13, n. 4, p. 2815-2840, 2022. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/revistaceaju/article/view/70994. Acesso em: 13 de set. 2024.

PIRES, Thula; LYRIO, Caroline. Teoria Crítica da Raça como referencial teórico necessário para pensar a relação entre direito e racismo no Brasil. In: CONPEDI/UFS. (Org.). Direitos dos conhecimentos. Florianópolis: CONPEDI, 2015, p. 1-24.

QUIJANO, Aníbal. Colonialidad y Modernidad-Racionalidad. In: QUIJANO, Aníbal. Ensayos en torno a la colonialidad del poder. Buenos Aires: Ediciones del Siglo, 2019.

QUIJANO, Aníbal. Colonialidad del poder, eurocentrismo y América Latina. In: QUIJANO, Aníbal. Ensayos en torno a la colonialidad del poder. Buenos Aires: Ediciones del Siglo, 2019.

RAMOS, Luciana de Souza. O Direito achado na Encruzilhada: territórios de luta, (re)construção da justiça e reconhecimento de uma epistemologia jurídica afrodiaspórica. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2019.

RUFINO, Luiz. Pedagogia da Encruzilhada. Rio de Janeiro: Mórula, 2019.

SANÍN-RESTREPO, Ricardo. Decolonizing Democracy: Power in a Solid State. New York: Rowan & Littlefield, 2016.

SANÍN-RESTREPO, Ricardo. Teoría crítica constitucional: la democracia a la enésima potencia. València: Tirant lo Blanch, 2014.

SIMAS, Luiz Antonio; RUFINO, Luiz. Encantamento: sobre política de vida. Rio de Janeiro: Mórula, 2020.

SIMAS, Luiz Antonio; RUFINO, Luiz. Fogo no mato: a ciência encantada das macumbas. Rio de Janeiro, Mórula, 2018.

Downloads

Publicado

16-09-2024

Como Citar

Encantamento do direito pela filosofia popular brasileira: por uma teoria constitucional popular. Revista de Ciências do Estado, Belo Horizonte, v. 9, n. 2, p. 1–21, 2024. DOI: 10.35699/2525-8036.2024.51777. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/revice/article/view/e51777. Acesso em: 19 dez. 2024.

Artigos Semelhantes

1-10 de 51

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.