Reagências do/no presente

Propostas para o ensino de uma historiografia da dança corporificada e afetiva

Autores

  • Roberta Ramos Marques Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Recife, Brasil http://orcid.org/0000-0001-8922-9175
  • Fabiana Dultra Britto Universidade Federal da Bahia (UFBA), Salvador, Brasil

Palavras-chave:

Ensino, Historiografia da Dança, Reagência.

Resumo

Este artigo parte da crítica à historiografia da dança tradicional, reduzida ao encadeamento linear dos percursos individuais de mestres, coreógrafos e bailarinos, para discutir como a proposta de ensino de uma historiografia da dança corporificada e afetiva pode ser, no presente, uma resposta afirmativa ao desafio de narrar o processo histórico da dança em seus diferentes contextos. A partir de exemplos de reenactment em dança, discutimos o uso dessa prática como ferramenta para desenvolver renovações no ensino da historiografia da dança. Para tanto, propomos o conceito de reagência para o contexto pedagógico, com fins emancipatórios em graduações de dança, ou outros contextos formativos.

Biografia do Autor

Roberta Ramos Marques, Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Recife, Brasil

Professora Doutora do Curso de Licenciatura em Dança da UFPE e do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais. Possui graduação em Letras pela Universidade Federal de Pernambuco (1996), mestrado (2000) e doutorado (2008) em Teoria da Literatura pelo Programa de Pós-Graduação em Letras da UFPE. Em 2015, junto ao Coletivo Lugar Comum, do qual é membro desde 2011, desenvolveu o projeto de pesquisa artística Motim: o Riso como Ato Performativo e Biopotente, que resultou na performance Motim, realizada junto ao mesmo coletivo. Autora do livro "DESLOCAMENTOS ARMORIAIS: Reflexões sobre Política, Literatura e Dança Armoriais (2012); e organizadora e autora nos livros ACORDES E TRAÇADOS HISTORIOGRÁFICOS: a Dança no Recife" (2016) e “MOTIM: paisagens e memórias do riso” (2017). Performer e autora da reperformance Brasilogia, a partir das obras Shirtologie (Jérome Bel, 1997) e Le Sacre du Printemps (Xavier le Roy, 2007), em fricção com o contexto político do Brasil, em 2016. Autora dos artigos Performar e profanar os palcos da representação democrática em tempos de golpe: Reenactment, história, e modos de afetar e ser afetado na crise (Revista Pitágoras 500, ISSN 2237387X, 10a edição, 2016, Qualis B3; e coautora (juntamente a Liana Gesteira Costa) do artigo MOTIM: O 'PENSAMENTO RELACIONAL' DO RISO COMO CONTÁGIO EM UMA DRAMATURGIA DE PROCESSO, Revista Brasileira de Estudos da Presença, ISSN 2237-2660, Vol. 7, n. 1, jan/abr. 2017, pp. 71-98 (Qualis A2).

Fabiana Dultra Britto, Universidade Federal da Bahia (UFBA), Salvador, Brasil

Docente da Escola de Dança da Universidade Federal da Bahia, desde 2004 e Pró-Reitora de Extensão Universitária da UFBA, desde setembro/2014. Foi Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Dança da Universidade Federal da Bahia entre 2006-11. Possui graduação em Licenciatura em Dança pela UFBA (1987), Mestrado em Artes pela USP (1993), Doutorado em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP (2002), Pós-Doutorado em Arte Pública pela Bauhaus Universität Weimar (2009) e Estágio Sênior no Centre de Recherche sur L'Espace Sonore et L'Environnement Urbain - CRESSON-CNRS (2012). Desde 2006, lidera o grupo de pesquisa Laboratório Coadaptativo LabZat (contemplado pelo edital MCT/CNPq 50/2006 e MCTI/CNPq Universal 14/2014), onde atualmente coordena a pesquisa "Pesquisa e Dança: ambiências em fricção".

Referências

AGNEW, Wanessa. What can re-enactment tell us about the past. 2005. In: BBC. Disponível em:

<http://bbc.co.uk/history/programmes/theship/history_reenactment_print.html>. Acesso em: 11 jun. 2016.

______. History's affective turn: historical reenactment and its work in the present. In: Rethinking History: The Journal of Theory and Practice, 11: 3, p. 299-312, 2007. Disponível em: <https://www.lsa.umich.edu/UMICH/german/Home/People/Agnew%20Historys%20Affective%20Turn2009.pdf>. Acesso em: 28 junho 2016.

BARROS, José D’Assunção. Teoria da história. v. 3: Os paradigmas revolucionários. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011.

BLEEKER, Maaike. (Un)Covering artistic thought unfolding. In: Project Muse. DRJ 44, 2. Winter 2012.

______. (Re)enacting thinking in movement. In: FRANKO, Mark (Ed.). The Oxford handbook of dance and reenactment. New York: Oxford, 2017.

BRITTO, Fabiana Dultra. Evolução da dança é outra história. In: PEREIRA, Roberto, SOTER, Silvia (Org.). Lições de dança 1. 2. ed. Rio de janeiro: UniverCidade, 2006.

______. Temporalidades em dança: parâmetros para uma história contemporânea. Belo Horizonte: FID Editorial, 2008.

BURT, Ramsay. Blasting out of the past: the politics of history and memory in Janez Janša’s reconstructions. In: FRANKO, Mark (Ed.). The Oxford handbook of dance and reenactment. New York: Oxford, 2017.

BUTLER, Judith. Relatar a si mesmo: crítica da violência ética. Belo Horizonte: Autêntica, 2015.

COLLINGWOOD, Robin George. The idea of History. Mansfield: Martino, 2014. [1946].

DE LAET, Timmy, intitulado Bodies with(out) memories: strategies of reenactments in contemporary dance. In: PLATE, Liedeke; SMELIK, Anneke (Org.). Performing memory in art and popular culture. New York and London: Routledge, 2013. p. 135-152.

FABIÃO, E. B. History and Precariousness: in search of a performative historiography. In: JONES, Amelia; HEATHFIELD, Adrian (Org.). Perfom, Repeat, Record. London and New York: Thames and Hudson, 2012.

FEBVRE, Lucien. Combates pela história. Lisboa: Editorial Presença, Ltda., 1989.

FURLIN, Neiva. Sujeito e agência no pensamento de Judith Butler: contribuições para a teoria social. In: Sociedade e Cultura, Goiânia, v. 16, n. 2, p. 395-403. Jul./dez. 2013.

FRANKO, Mark. Introduction: the power of recall in a post-ephemeral era. In: FRANKO, Mark (Ed.). The Oxford handbook of dance and reenactment. New York: Oxford, 2017.

GRILLO, Marlene Correro; ENRICONE, Délcia et al. Ensino e pesquisa com pesquisa em sala de aula. UNIrevista, v. 1, n.° 2, p. 1-11, abril 2006. Disponível em: <https://faculdadebarretos.com.br/wp-content/uploads/2015/11/pesquisa-sala-eaula2.pdf>. Accesso em: 14 jun. 2018.

LEPECKI, André. O corpo como arquivo: vontade de reencenar e as sobre-vidas da dança. In: OLIVEIRA JUNIOR, Antonio Wellington de (Org.). A performance ensaiada: ensaios sobre performance contemporânea. Fortaleza: Expressão gráfica e editora, 2011.

LIBÂNEO, José Carlos. Conteúdos, formação de competências cognitivas e ensino com pesquisa: unindo ensino e modos de investigação. Cadernos Pedagogia Universitária. São Paulo: Pró-Reitoria de Graduação, 2009. Disponível em: http://www.prpg.usp.br/attachments/article/640/Caderno_11_PAE.pdf. Acesso em: 14 jun.

MATHIAS, Érika Kelmer. Historiografia arquivística: Novas propostas. In: Veredas da História, Rio de Janeiro, Ano III, Ed. 1, pp. 1-14, 1º semestre de 2010. Disponível em: <http://www.seer.veredasdahistoria.com.br/ojs-.4.8/index.php/veredasdahistoria/article/viewFile/26/29>. Acesso em: 14 jun. 2018.

NÖE, Alva. Action in perception. MIT Press: Cambridge, 2004.

PRIGOGINE, Ilya; STENGERS, Isabelle. Entre o Tempo e a eternidade. Lisboa, Gradiva, 1990.

RANCIÈRE, Jacques. O mestre ignorante: cinco lições sobre a emancipação intelectual. 3. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2013.

SANTOS, Boaventura de Sousa. Para além do Pensamento Abissal: Das linhas globais a uma ecologia de saberes. Revista Crítica de Ciências Sociais, n. 78, p. 3-46, 2007. Disponível em: <https://www.ces.uc.pt/myces/UserFiles/livros/147_Para%20alem%20do%20pensamento%20abissal_RCCS78.pdf >. Acesso em: 14 jun. 2018.

Downloads

Publicado

2018-11-29

Como Citar

MARQUES, R. R.; BRITTO, F. D. Reagências do/no presente: Propostas para o ensino de uma historiografia da dança corporificada e afetiva. PÓS: Revista do Programa de Pós-graduação em Artes da EBA/UFMG, Belo Horizonte, v. 8, n. 16, 2018. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/revistapos/article/view/15593. Acesso em: 16 abr. 2024.

Edição

Seção

Artigos - Seção temática