Reconfigurar o Tradicional: A Fonte Escrita e a Crítica ao Discurso Ocidental no Ensino de História

Autores

  • Isabella Sardinha Mascarenhas Universidade Federal de Minas Gerais
  • Nathalia Fernandes Vitor Universidade Federal de Minas Gerais
  • Felipe Silveira de Oliveira Malacco Universidade Federal Fluminense

Palavras-chave:

Fontes Históricas; Precarização; Pós-Colonialismo.

Resumo

Neste artigo, nos propomos a pensar a utilização e fontes históricas em suportes escritos em sala de aula. Apesar de ser amplamente considerada pela bibliografia especializada como um tipo de suporte “tradicional”, consideramos importante pensar como trabalhá-las de maneira mais abrangente, principalmente devido ao cenário de precariedade das escolas públicas brasileiras devido ao baixo investimento financeiro em todas as instâncias. É comum faltar equipamentos que permitam trabalhar outros suportes de fontes históricas, seja em vídeo, imagem ou som. Assim, a partir das premissas da metodologia pós-colonial, pensaremos a própria concepção de fonte histórica, bem como analisaremos historicamente as mudanças na forma de interpretá-las e usá-las em sala de aula. Em seguida, retomamos o debate sobre a precarização escolar e propomos, a partir de exemplos, o trabalho e problematização de fontes escritas em sala de aula, para além de uma proposta de educação bancária e explicitando os próprios limites do discurso Ocidental.

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Biografia do Autor

  • Isabella Sardinha Mascarenhas, Universidade Federal de Minas Gerais

    Atualmente cursa a graduação em História na UFMG, é estagiária na Assembleia Legislativa de Minas Gerais e monitora da disciplina de Seminário de Estágio II.

  • Nathalia Fernandes Vitor, Universidade Federal de Minas Gerais

    Graduanda em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com atuação nas áreas de Educação Social e História da Educação. Durante a graduação, me dediquei ao estudo das interfaces entre História e Educação, analisando os processos históricos de formação educacional e seus impactos sociais e culturais. Possuo interesse na educação de Jovens e Adultos e no ensino de imigrantes em Minas Gerais.Fui bolsista voluntário no projeto de extensão Pró-Imigrantes da UFMG, que oferece suporte educacional a imigrantes, bolsista CAPES no Programa de Residência Pedagógica, atuando no Instituto de Educação de Minas Gerais (IEMG). Além disso, atuei como monitor da disciplina Estágio II, desenvolvendo atividades relacionadas à análise da historicidade do ensino secundário e da história escolar no Brasil, ao uso de livros didáticos como fontes e recursos pedagógicos e o uso das fontes orais no ensino de História. Tenho experiência na elaboração de sequências e materiais didáticos, na análise crítica de conteúdos digitais e no levantamento de fontes bibliográficas e documentais em bibliotecas, museus e arquivos. Também fui uma das responsáveis por auxiliar na organização do Laboratório de Ensino de História da UFMG.

  • Felipe Silveira de Oliveira Malacco, Universidade Federal Fluminense

    Doutor em História pela Universidade Federal de Minas Gerais e Professor Adjunto na Universidade Federal Fluminense, no Centro de História de Campos dos Goytacazes. Suas pesquisas são dentro da área de História da África, com concentração no tema História Social do Comércio na Senegâmbia. É autor do livro "O Gâmbia no Mundo Atlântico: Fulas, Jalofos e Mandingas Mandingas no Comércio Global Moderno" e de artigos como "Novas aproximações sobre o comércio, produção e o uso de marfim Guiné do Cabo Verde (1448-1699)", "Entre Senegâmbia e Angola: Comércio Atlântico, Protagonismo Africano e Dinâmicas Regionais (Século XVII e XIX)" e "O Comércio Atlântico de Couro na Senegâmbia 1580-1700". Possui interesse em pesquisas relacionadas a história social do comércio na África; história das mercadorias; história econômica, história atlântica; e epistemologias pós-coloniais.

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Publicado

20-07-2025

Como Citar

ISABELLA SARDINHA MASCARENHAS; NATHALIA FERNANDES VITOR; MALACCO, Felipe Silveira de Oliveira. Reconfigurar o Tradicional: A Fonte Escrita e a Crítica ao Discurso Ocidental no Ensino de História. Temporalidades, Belo Horizonte, v. 17, n. 1, p. 1–20, 2025. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/temporalidades/article/view/59082. Acesso em: 24 dez. 2025.

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