Formas da expressão animatorial: o sentido dos movimentos na animação Disney

Autores

  • Mário Sérgio Teodoro da Silva Junior Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho"

DOI:

https://doi.org/10.17851/1983-3652.10.2.220-239

Palavras-chave:

animação, tensividade, narratividade

Resumo

RESUMO: O presente artigo tem por objetivo explorar, dentro da perspectiva da semiótica discursiva, alguns conceitos de desenho animado, utilizados há longa data na produção de filmes de animação dos estúdios da Walt Disney, explicitados em Frank Thomas e Ollie Johnston (1981). Queremos compreender em que medida a composição das imagens em movimento – que é, em essência, a própria forma do movimento – produz sentido, configurando-se como signo, com significante e significado próprios. À luz do percurso gerativo de sentido, focando-se na dimensão semio-narrativa (GREIMAS; COURTÉS, 2013) e na semiótica tensiva (ZILBERBERG, 2006a, 2006b), com a conceitualização de valências e missividade, podemos notar como cada sequência do movimento animatorial organiza-se em um sintagma animatorial próprio. Por meio dessa ordenação sintática, que possui um fundo tensivo, formula-se um programa narrativo e revelam-se nitidamente seus valores, actantes e fazeres. Afirma-se, então, como a forma da expressão dos movimentos não é mero suporte a um plano de conteúdo, desfazendo-se com a eficácia da comunicação, mas sim o centro de que se origina e que norteia o sentido do conteúdo, com níveis de profundidade tanto no plano do conteúdo (níveis tensivo, missivo e narrativo) como no plano da expressão (níveis rítmico e motor).

PALAVRAS-CHAVE: animação; tensividade; narratividade.

 

ABSTRACT:In this article, we propose to explore some cartoon’s concepts used by the Walt Disney Animation Studios for a long time, which we find in Frank Thomas and Ollie Johnston’s The Illusion of Life: Disney Animation (1981). By the perspective of Discoursive Semiotics, we can comprehend how the motion pictures’ composition, the form of motion, has its meaning, becoming a sign itself, with a signifier and a signified. Using traditional Greimasian Semiotics’ generative course (GREIMAS; COURTÉS, 2013), focusing on the semio-narrative level, and Zilberberg’s Tensive Semiotics and its valencies and missivity (ZILBERBERG, 2006a 2006b), we note that every motion sequence in a film organizes itself in a syntagm. Within this syntactic order with tensive base, narrative programs appear along with its values, actants and doings. Hence, we see how expression forms are not only support to content forms which disappear after effective communication, but that expression forms are, in this animatorial articulation, the originating center of meaning, with its own generative levels in the expression plane (rhythm and motor levels) and content plane (tensive, missive and narrative levels). It also opens a door to formulate a grammar for expression forms in Semiotics

KEYWORDS: animation; tensivity; narrativity.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Mário Sérgio Teodoro da Silva Junior, Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho"

Mestre em Linguística pelo Programa de Pós-Graduação em Linguística e Língua Portuguesa da Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho", Faculdade de Ciências e Letras (câmpus de Araraquara). Estudante membro do GPS-UNESP - Grupo de Pesquisa em Semiótica da UNESP - Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho". Bacharel e Licenciando em Letras, com formação em língua francesa, pela Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho", Faculdade de Ciências e Letras (câmpus de Araraquara).

Referências

BAKHTIN, M. Marxismo e filosofia da linguagem: Problemas fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem. Tradução de Michel Lahud e Yara Frateschi Vieira. 12ª ed. São Paulo: Hucitec, 2006.

FIORIN, J. L. Para uma definição das linguagens sincréticas. In: OLIVEIRA, A. C.; TEIXEIRA, L. (Orgs.). Linguagens na comunicação: desenvolvimentos de semiótica sincrética. São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2009, p. 15-40.

FLOCH, J.-M. Semiótica plástica e linguagem publicitária: análise de um anúncio da campanha de lançamento do cigarro “News”. In: OLIVEIRA, A. Cláudia; TEIXEIRA, L. (orgs.). Linguagens na comunicação: desenvolvimentos de semiótica sincrética. São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2009, p. 145-167.

GREIMAS, A. J.; COURTÉS, J. Dicionário de semiótica. Tradução de Alceu Dias Lima et al. 2ª ed. São Paulo: Cultrix, 2013.

JOHNSTON, O.; THOMAS, F.. The principles of animation. In: _____. The illusion of life: Disney Animation. New York: Disney Editions, 1981, p. 47-70.

SILVA JÚNIOR, M. S. T. da. O estilo Disney de cantar histórias. 2017. Dissertação (Mestrado em Linguística e Língua Portuguesa), Programa de Pós-Graduação em Linguística e Língua Portuguesa, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Faculdade de Ciências e Letras, Araraquara, 2017.

SLEEPING beauty. Direção de Clyde Geronimi. Produção de Roy Brewer Jr. E Donald Halliday. Burbank: Walt Disney Productions, 1959. 1 DVD (75 min.), son., color.

THE SWORD in the stone. Direção de Wolgang Reitherman. Produção de Walt Disney. Burbank: Walt Disney Productions, 1963. 1 DVD (80 min.), son., color.

TATIT, L. Musicando a semiótica. 2ª edição. São Paulo: Annablume, 2011.

TEIXEIRA, L. Para uma metodologia de análise de textos verbovisuais. In: OLIVEIRA, A. C.; TEIXEIRA, Lúcia (Orgs.). Linguagens na comunicação: desenvolvimentos de semiótica sincrética. São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2009, p. 41-77.

ZILBERBERG, C. Para introduzir o fazer missivio. In: _____. Razão e poética do sentido. Tradução de Ivã Carlos Lopes, Luiz Tatit e Waldir Beividas. São Paulo: Edusp, 2006a , p. 129-147.

ZILBERBERG, C. Síntese da gramática tensiva. In: Significação: Revista Brasileira de Semiótica, São Paulo: Annablume, n. 25, p. 163-204, jun. 2006b.

Downloads

Publicado

28-12-2017

Como Citar

TEODORO DA SILVA JUNIOR, M. S. Formas da expressão animatorial: o sentido dos movimentos na animação Disney . Texto Livre, Belo Horizonte-MG, v. 10, n. 2, p. 220–239, 2017. DOI: 10.17851/1983-3652.10.2.220-239. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/textolivre/article/view/16771. Acesso em: 26 abr. 2024.

Edição

Seção

Semiótica e Tecnologia