UBERIZAÇÃO
O PROCESSO DE REESTRUTURAÇÃO DA ATIVIDADE DE TRABALHO DOS MOTOCICLISTAS ATRAVÉS DAS PLATAFORMAS DE DELIVERY
DOI:
https://doi.org/10.35699/2238-037X.2024.46062Palavras-chave:
Trabalho, Uberização, TecnologiaResumo
Os avanços tecnológicos na sociedade do capital vêm possibilitando novas formas de exploração e mercantilização da força de trabalho através das plataformas digitais, afetando todas as dimensões da vida dos seres sociais. Atenta a estas novas morfologias, esta pesquisa tem como objetivo contribuir para a análise do fenômeno da Uberização a partir da compreensão de dois aspectos primordiais, quais sejam: como vem se dando o processo de reestruturação da atividade de trabalho na chamada Indústria 4.0, principalmente a dos motociclistas entregadores vinculados às empresas-aplicativo e quais são as determinações sociais implicadas neste processo. Para tanto, combinamos uma revisão de literatura sobre a categoria trabalho e a reestruturação das forças produtivas a partir de obras marxianas e análise de entrevistas semiestruturadas com entregadores de empresas-aplicativo na cidade de Belo Horizonte. Identificamos seis questões centrais: (i) a categoria trabalho continua sendo central para a existência e realização humana; (ii) a uberização não é um fenômeno disruptivo, sendo, na verdade, a apropriação, pelas empresas-aplicativo, por meio das plataformas digitais, da exploração da força de trabalho, utilizando-se destes novos recursos tecnológicos para aprofundar a precarização dentro da sociedade do capital.; (iii) o trabalho dos entregadores é controlado, gerenciado e fiscalizado através de algoritmos, restando evidente a subordinação destes às empresas-aplicativo; (iv) a intensificação da jornada e a negação da condição de assalariamento são os elementos centrais para a extração do mais-valor nesta forma de trabalho; (v) as condições socioeconômicas dos trabalhadores e as condições de empregabilidade são fatores determinantes para a entrada e permanência dos entregadores neste trabalho; (vi) mesmo reconhecendo certa autonomia, os entregadores se veem como superexplorados, precarizados e à margem das regulações legislativas e da proteção social. A partir disso concluímos que a uberização do trabalho é o reflexo de um capitalismo acentuadamente destrutivo, que vem se apropriando de uma massa de trabalhadores informais, utilizando-se das tecnologias mais avançadas, para acentuar ainda mais a superexploração da força de trabalho através de novas formas de controle e gestão, que ocultam a forma de trabalho assalariado, levando o trabalhador a se reconhecer como autônomo, enquanto que, em sua concretude, se mantém sendo trabalhadores informais, sendo subutilizados na medida das necessidades empresariais, ou seja do capital.
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